POSSÍVEL MUDANÇA DE GOVERNO EM PORTUGAL NÃO DEVERÁ AFECTAR O PROGRAMA “REGRESSAR” – MINISTRA

Por HENRIQUE MANO | Elizabeth, NJ

LUSO-AMERICANO (L.A.): Que impressões leva desta visita efectuada a Nova Iorque e New Jersey?

MINISTRA DO TRABALHO ANA MENDES GODINHO (A.M.G.): Um balanço muitíssimo positivo da presença da adida da Segurança Social pela primeira vez aqui nos Estados Unidos, que já se sente que está a fazer a diferença. As pessoas já a conhecem, já a reconhecem, e com capacidade de leitura de problemas que afectam muitas vezes muitas pessoas que, pela distância física de Portugal, muitas vezes não tiveram a capa cidade nem de os identificar, nem de os resolver.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Na sua recente passagem pelos Estados Unidos, a ministra Ana Mendes Godinho esteve na sede do PISC, em Elizabeth, NJ, onde assinou o livro de honra

L.A.: Que tipo de problemas pôde identificar?

A.M.G.: Problemas como, por exemplo, as pessoas poderem passar a receber a sua pensão directamente na sua conta bancária e não através de vales postais – e com os problemas que os vales postais têm. Como as pessoas poderem ter acesso à sua segurança social directamente através do seu número de telefone aqui nos Estados Unidos – uma vez que passa a ser possível não ter de ser um número de telefone de Portugal. Portanto, questões muito concretas que afectam potencialmente muitas pessoas e que a adida está aqui a fazer a diferença. Particularmente diria o orgulho que sinto pelo facto de a colocação da adida aqui nos Estados Unidos ter resultado de uma proposta da comunidade – e isso também acho que faz a diferença, a capacidade, de facto, de leitura no terreno e de encontrar respostas em conjunto.

L.A.: Do que viu na Escola Amadeu Correia aqui do PISC, que leitura faz?

A.M.G.: Não posso deixar de também salientar o orgulho imenso pelo que testemunhei aqui na escola do PISC, pela capacidade de estarem a manter vivo o português em gerações que já não nasceram em Portugal, os pais de alguns também já não nasceram em, Portugal mas  mantêm ali vivo o português. E, quando questionados sobre palavras em português de comida, associavam a comida tradicionalmente portuguesa. Acho que isto é de um poder de uma cultura viva que é mantida aqui por milhares de pessoas com este orgulho de fazerem o nome de Portugal estar vivo a milhares de quilómetros de distância.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Na sua recente passagem pelos Estados Unidos, a ministra Ana Mendes Godinho esteve na sede do PISC, em Elizabeth, NJ, vendo-se aqui com o vereador-geral Manny Grova, Jr.

L.A.: Qual é, na sua óptica, a importância da participação dos luso-americanos na vida política?

A.M.G.: É extraordinário e demonstrador da grande capacidade de integração da comunidade portuguesa na sociedade americana o facto de termos cada vez mais luso-americanos com participação cívica e política muito activa, mostrando bem a importância da voz da comunidade lusa na capacidade de decisão, seja a nível local, estadual ou federal.

L.A.: Os emigrantes, muitas vezes, ainda se sentem portugueses de segunda no regresso a Portugal. Acha que ainda há um estigma na sociedade portuguesa em relação a quem saiu do país?

A.M.G.: Neste momento, discordo completamente. Acho que há um enorme orgulho sobre as comunidades portuguesas no mundo, cada vez mais, pela capacidade, pela coragem das comunidades lusas pelo mundo inteiro e que demonstram aliás agora uma grande capacidade de se terem afirmado nos sítios onde estão.

L.A.: Que garantias existem de que o programa “Regressar”, dando-se a hipótese de uma eventual mudança de Governo a 10 de Março, se vir a manter intacto?

A.M.G.: Nós assinámos com os parceiros sociais um acordo de concertação social de médio prazo em 2022 em que assumimos o compromisso como País – o Governo, os parceiros sociais, e naturalmente os representantes das entidades patronais e sindicais, o compromisso como País de que o programa “Regressar” estaria em vigor até 2026. Portanto, eu acho que há compromissos em que o País não falha.