Professores acampados junto à AR acusam Governo de pôr a “escola a dormir na rua”

Cerca de três dezenas de professores e funcionários escolares permaneceram acampados em frente à Assembleia da República em protesto contra a falta de condições laborais, acusando o Governo de pôr “a escola a dormir na rua”.

A manifestação na-cional organizada no sábado pelo Sindicato de Todos os Profissi-onais de Educação (STOP) terminou numa vigília frente ao Parlamento, onde 2ª feira ainda permaneciam 18 tendas.

Rute Ribeiro é um desses casos. Depois de ter ficado colocada em duas escolas no mesmo ano e de ter chegado a “dormir no carro”, sentiu que estava na hora de ter uma vida mais estável e, aos 40 anos, concorreu para Lisboa.

Trocou a casa no Porto por uma escola na capital, onde descobriu que o salário de pouco mais de mil euros não permitia pagar sozinha uma renda em Lisboa. Durante anos, dividiu quartos com desconhecidos e partilhou casas de banho enquanto pagava o empréstimo da casa no Porto.

Agora que o marido está em Lisboa, a dar algumas horas de aulas por semana a troco de 800 euros, conseguiram arranjar uma casa: “Alugámos um apartamento na periferia de Lisboa por 700 euros, porque perto dos nossos trabalhos é completamente impossível. Tal como eu, há centenas e centenas de colegas deslocados”, contou.

Rute Ribeiro é o rosto de um dos problemas sentidos pelos professores deslocados, que se tornou uma reivindicação dos sindicatos e até dos directores escolares, que pedem um subsídio de deslocação a quem fica colocado longe de casa, à semelhança do que acontece noutras carreiras.

A falta de resposta da tutela levou a professora na Secundária Fonseca Benevides a participar também neste protesto, apesar de continuar a trabalhar agora da sua tenda montada em frente ao Parlamento, onde se podem ler mensagens como “Escola a dormir na Rua, Governo a culpa é tua”.

A vigília, que começou no sábado, contava hoje com menos participantes, porque muitos tinham de estar nas escolas, segundo o coordenador nacional do STOP, André Pestana.

“Estão a decorrer serviços mínimos que são cada vez mais máximos e estão a obrigar os docentes e não docentes a estar nas escolas, privando-os do direito à greve”, disse, reconhecendo que a vigília está a ser fisicamente exigente devido às baixas temperaturas.