Programa de intercâmbio leva em Abril alunos do Liceu de Mineola (Long Island) a Portugal

Por HENRIQUE MANO | Mineola, NY

De 18 a 28 do próximo mês de Abril, um grupo de 15 alunos do Liceu de Mineola, estado de Nova Iorque, fará uma viagem escolar a Portugal que está a ser coordenada pelo professor Paulo Pereira.

O programa de intercâmbio permitirá que os alunos participem em algumas aulas na Escola Secundária da Murtosa, distrito de Aveiro, recebidas por famílias de acolhimento. “Vai ser uma óptima oportunidade de conhecerem a autêntica realidade portuguesa e um liceu no seu dia-a-dia, para além de também se inteirarem da forma como funciona o ensino secundário local”, afirma Paulo Pereira, que lecciona a disciplina de História a tempo inteiro e também dá Português no Liceu de Mineola, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO.

O grupo, que inclui o director do Liceu de Mineola, Edward Escobar, irá ao Porto, Lisboa, Aveiro e Coimbra. Dos 15 estudantes, quatro são de origem lusa “e, dos americanos, alguns repetentes que gostaram tanto da viagem do ano passado, que resolveram voltar”.

Desde 1997 que o Liceu de Mineola, actualmente com cerca de 1050 alunos, desenvolve programas de intercâmbio com Portugal – sendo esta a sexta vez que leva uma delegação a atravessar o Atlântico. “Estas viagens despertaram nos alunos o espírito de conhecer o mundo e estar em contacto com outras culturas”, nota Paulo Pereira, que também é Presidente da Câmara de Mineola e Conselheiro das Comunidades Portuguesas, recentemente eleito. “Cria amizades e memórias. Com o mundo globalizado de hoje, também proporciona oportunidades que podem ser muito válidas no futuro”.

O Liceu de Mineola é a única instituição pública do género no estado de Nova Iorque a oferecer o Português no seu programa curricular. Quando, há uma década, o American Councils criou o NEWL (National Examination for World Languages), Paulo Pereira propôs ao superintendente do Distrito Escolar de Mineola, Michael Nagler, a introdução de Português para iniciantes – “com os alunos a poderem acumular créditos para as suas notas, poupando muitas vezes tempo e dinheiro”, explica o educador.

A disciplina NEWL de Português tem, desde então, atraído uma média anual de uma dezena de alunos, todos com algum tipo de vivência ligada à lusofonia.

“A existência de aulas de português no Liceu de Mineola é um caso de sucesso e muito importante para que os alunos possam escolher o idioma e prosseguir os seus estudos, num estado onde a oferta é escassa”, refere o professor José Carlos Adão, coordenador-adjunto do Ensino do Português nos EUA, falando para este artigo. “Desde o início das aulas, os alunos da escola consistentemente  realizam os exames NEWL e têm tido, devido à dedicação dos professores, um contacto presencial através de intercâmbios com alunos em Portugal. Aquilo que se deseja é que o programa continue a crescer e que os alunos continuem a ser beneficiados na aprendizagem e na aquisição de créditos através do NEWL”.

O Liceu de Mineola quer ir ainda mais longe. O director Edward Escobar observa: “quantas mais oportunidades dermos aos alunos de aprendizagem, melhor seremos como escola. Apesar de sermos relativamente uma escola pequena, temos quatro línguas do mundo no currículo, do 8.º ao 12.º ano”.

O objectivo, a médio-longo prazo, “é passar do português básico para aulas mais avançadas. Faz sentido, atendendo até à população luso-brasileira do distrito”, sublinha Escobar.

Paulo Pereira concorda e elabora: “a ideia seria a criação de duas turmas, uma para iniciantes e outra NEWL [que exige um exame final com três horas de escrita e oralidade], para alunos com um conhecimento já mais amplo do idioma, por forma a também recrutarmos não-lusófonos. Portugal, como destino e ponto de referência no mundo, e mesmo o Português enquanto língua, estão a tornar-se muito populares. As pessoas falam em trabalhar em Portugal, estudar ou mesmo passar lá a reforma”.

Não está mesmo fora de hipótese um protocolo de cooperação com o Ministério da Educação em Portugal, que poderá passar pelo envio de professores portugueses para Mineola. “Lá há professores a mais e postos a menos e aqui temos o inverso”, conclui.

Aprender português para facilitar a comunicação com a família é o que leva grande parte dos alunos do Liceu de Mineola às aulas do professor Paulo Pereira. “Quero tornar-me fluente porque tenho familiares tanto cá, como em Portugal”, explica Matthew Lopes, de 16 anos, natural de Mineola e com origens em Braga. “Por outro lado, ser bilingue é cada vez mais importante neste mundo globalizado”.

Gabriela Bosco, que já nasceu nos EUA filha de emigrantes brasileiros, cita a mesma razão (“poder falar com a família na sua língua materna”), tal como a luso-americana Micaela Agostinho Palumbo, de 18 anos e raízes em Mangualde.

Hélder Gomes Alves, 16, natural de Mineola e filho de minhotos, considera importante falar português “por ser a primeira língua dos meus pais, para me poder comunicar melhor com eles”.