Restauração prevê mais de 100 mil despedimentos até ao final de Março

A PRO-VAR – Promover e Inovar a Restauração Nacional avisou esta terça-feira que os despedimentos no sector podem ultrapassar os 100 mil, no primeiro trimestre deste ano, segundo um inquérito realizado a empresários da restauração, com especial incidência nos restaurantes.

“Os empresários da restauração, com especial incidência nos restaurantes, afirmam que terão de despedir entre três a quatro trabalhadores por estabelecimento, o que se prevê que os despedimentos ultrapassem os 100 mil trabalhadores neste primeiro trimestre”, alertou a associação, com base nos resultados de um inquérito realizado entre os dias 4 e 10 de Janeiro, com respostas válidas de 542 estabelecimentos de restauração, aos quais perguntou se “com as mesmas perdas e sem apoios, vai ter de despedir?”.

Face à iminência de um novo confinamento geral, semelhante ao da Primavera e que prevê o encerramento dos estabelecimentos de restauração, a PRO-VAR lembrou que o sector “está exausto” após “dez meses de restrições ‘severas’ acompanhadas de apoios insuficientes”.

A associação alertou também para as novas consequências de um segundo confinamento, uma vez que “o sector está sem saúde financeira e mental, e, portanto, sem liquidez e com ‘stress’ acumulado”.

Segundo aquela associação, a maioria das empresas da restauração consideram que a modalidade de takeaway “não é solução”, já que ficam apenas com as cozinhas a funcionar, com menos trabalhadores, mas com mais custos, preferindo, então, encerrar totalmente.

Neste sentido, a PRO-VAR pede ao Governo que apoie as empresas do sector “com carácter imediato” e propõe a “criação de um APOIAR 2.0, para o último trimestre de 2020, atribuindo um apoio de 280 milhões de euros (apoio a fundo perdido dos custos fixos, com idêntica base de cálculo, 20% das perdas que se estimam serem de 1,4 mil milhões de euros, resultado de 70% de perda homóloga no valor de dois mil milhões de euros), dividido por escalões que contemplem tectos diferentes para perdas superiores a 25% e 40%”.

Caso o Governo não injecte liquidez adequada e imediata nas empresas, prosseguiu, “cerca de um terço das empresas do sector da restauração que já se encontram em incumprimento com o Estado, trabalhadores e fornecedores, colocam a hipótese de não reabrir” depois de um novo confinamento.

A PRO-VAR estima, ainda, que, em relação aos incumprimentos, “a situação fique descontrolada, pois mais de dois terços (70,1%) das empresas dizem não estar em condições de cumprir com obrigações futuras”.