ROSTOS DO FOLCLORE PORTUGUÊS NA AMÉRICA: Família Ferreira
Por HENRIQUE MANO | News Editor
Quando, por volta dos 5, 6 anos de idade, o luso-descendente Jason Ferreira se juntou à componente infantil do Rancho Folclórico “Danças e Cantares de Portugal”, fê-lo mais por motivação dos pais. Hoje, aos 16 e a frequentar o Liceu de Scotch Plains, em New Jersey, deve-se a si o empenho de toda a família (de três) no dinâmico grupo do PISC da cidade de Elizabeth, ensaiado por Kyle Pereira e dirigido por Elizabeth Pereira.
“Quando miúdo, queria era jogar futebol e agora não passa sem o rancho”, diz a mãe, Sílvia Ferreira, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO.
Por “arrasto”, os pais do Jason, Jorge e Sílvia, acabariam por juntar-se ao rancho de Elizabeth, há cerca de 6 anos, muito embora Jorge, 48, não fosse um novato nestas andanças… Afinal, de Portugal, já trazia a experiência de uma longa passagem de mais de uma década pelo Rancho Folclórico de Parada de Gonta, de onde é natural. “Por ser um rancho federado, tínhamos de seguir um repertório regional e o folclore da Beira Alta não é o do Minho, que aqui dançamos, com um ritmo muito mais acelerado”, nota Jorge Ferreira. “Mas corríamos Portugal de Norte a Sul e chegámos a ir a Espanha, Itália e Polónia. E agora cá ando, porque não queremos deixar acabar estas tradições.”
Jorge e Sílvia conheceram-se em Portugal e começaram lá a namorar, muito embora a esposa quisesse pouco ter a ver com o rancho… “Não queria, não gostava, ainda tentei quando começámos a ir juntos aos ensaios. Ainda cheguei a fazer presenças como noiva, mas o bichinho mordeu-me mesmo foi aqui”, afirma a emigrante de Canas de Santa Maria, Tondela.
Hoje reconhece o valor de se transportar no ADN uma cultura que nos distingue dos restantes: “É maravilhoso estar longe de Portugal e manter o meu filho ligado às raízes, vê-lo dançar no rancho e tocar concertina. É muito bonito!”
O pai assina em baixo: “É uma das coisas que acho muito bom, ver o nosso filho inserido neste ambiente saudável da comunidade portuguesa, onde nos sentimos em família. Sempre achei que a cultura portuguesa no estrangeiro se vive de forma mais intensa.”
Fazem, por isso, questão que Jason também tenha feito a Escola “Amadeu Correia” (é finalista de 2022) e se mantenha envolvido a nível da Igreja Nossa Senhora de Fátima de Elizabeth, através da catequese e do Grupo de Jovens. “Nós também, quando o tempo permite, ajudamos a nível do PISC”, diz Sílvia Ferreira.
Nos 6 anos em que alinham pelo “Danças e Cantares de Portugal”, já fizeram memórias para o resto da vida – nomeadamente a ida a Palm Coast, para a participação nas comemorações do 10 de Junho no Centro Cultural Português local. “Todas as saídas são fantásticas, mas essa deslocação à Flórida foi especial”, concorda Jason.
Os Ferreira preparam-se agora para, com o resto dos integrantes do rancho, pisar o palco das grandiosas festas de Nossa Senhora de Fátima em Ludlow, Massachusetts, dentro de sensivelmente duas semanas.
Jorge e Sílvia Ferreira casaram-se em Agosto de 2001 e, em Dezembro do mesmo ano, emigraram para New Jersey; viveram primeiro em Newark, onde Jason iria nascer, no St. James Hospital, e logo depois estabeleceram-se em Elizabeth, onde ainda estão. Há 14 anos, tornaram-se sócios do PISC.
“Aqui, neste cantinho, encontrámos um bocadinho de Portugal, através do rancho, das festas, arraiais e convívios”, afirma Sílvia Ferreira. “E também gosto muito de estar no palco a dançar com o meu marido e filho, é um orgulho.”