RUI VITÓRIA: ‘Treinar sob outras culturas confere maior conhecimento’

O treinador Rui Vitória frisou segunda-feira que as experiências no futebol estrangeiro lhe deram o dobro do conhecimento que dispunha quando saiu de Portugal, destacando a necessidade de capacidade de adaptação a distintos contextos.

“Saí de Portugal a não saber metade do que sei hoje. É a experiência que nos vai dando conhecimento. Saí daqui aos 47 anos e descobri um mundo completamente novo. Com diferentes realidades e modos de ver a vida, é preciso ter a capacidade de adaptação, perceber imediatamente o contexto e estar sempre atento a tudo”, afirmou o técnico.

Rui Vitória participou numa conferência organizada pela Universidade Lusófona, sob o tema “A importância da academia na formação e sucesso de treinadores de futebol em Portugal”, ao lado de Nelo Vingada e Mónica Jorge, partilhando ainda alguns exemplos concretos de experiências nos árabes do Al Nassr, na altura de Ramadão, nos russos do Spartak de Moscovo, com temperaturas muito negativas, e na cultura variada do Egipto.

“Actualmente, o treinador tem de tomar decisões com um impacto tremendo na parte financeira de uma instituição e tem de dominar uma série de áreas, daí a importância de ter uma equipa técnica de qualidade. Temos de liderar jogadores, a equipa técnica, departamento médico, de comunicação, logística, etc., e ainda a administração, o que, por vezes, é o mais complicado. Tocar nestes aspectos todos não é fácil. Tem de se ter essa arte de gestão e rodearmo-nos bem”, apontou o treinador ribatejano, de 54 anos.

A gestão de egos num balneário também foi um tema debatido na sessão, na qual Rui Vitória considerou que um futebolista de alto nível “é uma empresa” e é determinante ter a capacidade de “tocar nas necessidades de cada jogador”, explicando que costuma pedir “um relatório exaustivo” com todos os aspectos pessoais de cada atleta do clube.

“Perceber as características de um jogador é determinante. Eu peço logo um relatório exaustivo de cada jogador. Se é muito novo e já tem um carro topo de gama, se tem 23 anos e já tem dois filhos, quem já se divorciou uma série de vezes… Eu gosto de saber todas essas informações para perceber que tipo de pessoa eu tenho à frente. Nós não devemos tratar todos por igual, devemos é ter as mesmas decisões para todo o grupo. Não há nenhum problema em tratar jogadores de maneira diferente”, sublinhou ainda.