“Salgueiro Maia – O Implicado” Herói Português chega aos cinemas e vai dar uma mini-série
Ele é, sem sombra de dúvida, o herói imaculado do 25 de Abril.
Sr. Fernando José Salgueiro Maia, o capitão que, na tarde de 25 de Abril de 1974, no quartel da GNR do Largo do Carmo, ordenou a Marcello Caetano que se rendesse. Salgueiro Maia ganhou uma aura como nenhum outro. Foi ele quem ofereceu o peito às balas, foi ele quem levou as chaimites até à Praça do Comércio e, depois, até ao Carmo, onde a seguir, se recolheu.
Enquanto outros estiveram no palco, ele não. Enquanto outros recolheram benefícios pessoais, ele afastou-os. Nunca aceitou cargos políticos para que foi repetidamente convidado, assumiu uma austeridade singular.
Uma figura assim tem chama de ídolo romântico, como Maria de Medeiros o desenhou quando realizou o seu “Capitães de Abril”, em 2000.
Numa produção da Sky Dreams Entertainment, escrita por João Lacerda Matos (argumentista com larga experiência televisiva) e realizada por Sérgio Graciano. “Salgueiro Maia, O Implicado” abre com o 25 de Abril de 1974. Tudo filmado de um modo eficaz e simples, as mais das vezes com Graciano a plantar a câmara e a rodar a cena, sem movimentos, sem campo/contracampo, processo onde se ganha no tempo de rodagem e se perde alguma dinâmica narrativa.
Aos actores pede credibilidade e, quase sempre, consegue-a. Os três intérpretes centrais; Tomás Alves, em Salgueiro Maia; Frederico Barata, no seu melhor amigo Delfim Tavares de Almeida e Filipa Areosa em Natércia, a mulher de Maia; funcionam na bitola satisfatória.
Se sentimos alguma falta de mata africana nas cenas da Guerra Colonial, nos momentos cruciais do 25 de Abril o espectador não pede planos abertos e cenas de massas, o que diz bem da habilidade do realizador em enquadrar e trabalhar o som para que a ilusão se cumpra.