SEMANA DAS ENFERMEIRAS: DUAS IRMÃS PORTUGUESAS NA LINHA DA FRENTE EM NEW JERSEY
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
O Saint Peter’s University Hospital (SPUH), do grupo Saint Peter’s Healthcare System, em New Brunswick, NJ, é conhecido pela excelência do seu quadro de enfermagem. A unidade hospitalar sem fins lucrativos, detida pela igreja católica e com 478 camas, recebe ainda os alunos da Faculdade de Medicina da Rutgers University e opera um dos maiores centros de maternidade do país. A funcionar desde 1907, o SPUH conta com pelo menos duas enfermeiras portuguesas – as irmãs Tatiana Corticeiro e Melanie Vieira.
Tatiana nasceu há 29 anos em Aveiro, filha dos emigrantes António e Maria Vieira, naturais respectivamente de Costa Nova e Gafanha do Areão; aos 4 anos foi viver para a Alemanha e dois anos depois estava na América. Faria o liceu em South River, NJ, e logo depois iria enveredar pelos estudos na área de enfermagem. “Era sem dúvida a carreira mais apropriada para mim, porque sempre gostei de ajudar as pessoas”, conta Tatiana Corticeiro, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Até porque, sendo bilingue, podia fazer a diferença na comunidade.”
Corticeiro fez a sua formação na área da saúde na JFK Muhlenberg Snyder School of Nursing/Union County College; enquanto trabalhava, completou a Chamberlain School of Nursing. Começou como auxiliar de enfermagem e aos 21 anos já era enfermeira, sempre no Saint Peter’s University Hospital.
🌐AFECTA AO BLOCO OPERATÓRIO
“Estou afecta à área interna do hospital e não só preparo os pacientes para as intervenções cirúrgicas, como dou igualmente assistência pós-operatória”, detalha.
Corticeiro viveu de perto os horrores da COVID e foi mesmo absorvida, no pior da fase pandémica, pelo trabalho nas enfermarias COVID. “As operações interromperam-se do dia para a noite e constituímos uma equipa coesa de luta contra a COVID”, diz. Apesar de todos os cuidados, contraiu o vírus em Novembro do ano passado.
“Com um filho pequeno, tive mesmo de estar temporadas sem o ver; a minha mãe e a minha sogra deram uma ajuda preciosa. É claro que ninguém queria ir para o trabalho e tratar de doentes com COVID, mas essa é a nossa vocação. Corremos o risco de nos infectar a nós e aos que nos estão próximos e o carinho que recebemos das pessoas em geral foi muito importante para a nossa moral, para fazermos frente à crise. Sinto que as pessoas que nos chamaram heróis realmente reconheceram o valor daquilo que fazemos e continuam a ter gratidão para com os trabalhadores da saúde. Afinal, ainda estamos todos nesta batalha contra a COVID e contra todas as outras patologias que afectam a humanidade.”
🌐A ENFERMEIRA MELANIE VIEIRA
A irmã Melanie Vieira, 23, nasceu na Alemanha, onde a família esteve emigrada, e tinha 2 anos quando chegou à América. Fez todo o trajecto académico igual ao de Tatiana, “que foi, decididamente, uma grande influência para mim no tocante à escolha de carreira”, confessa. “Percebi como ela se sentia realizada na enfermagem e quis seguir o mesmo caminho. Aliás, acho que não me via em nenhuma outra ocupação profissional.”
Melanie foi de enfermeira auxiliar a enfermeira de plenas funções quando surge a COVID. “Fez-me pensar um bocado, mas não me demoveu a trocar de ocupação”, conta.
A enfermeira está noiva e só se queixa do turno nocturno que cumpre, “uma vez que realmente torna muito difícil a organização da nossa vida social.”
Para Melanie Vieira, que apanhou COVID na mesma altura da irmã, a máscara já se tornou uma componente indispensável “do nosso trabalho – já nem imagino ser enfermeira e não estar de máscara, incluindo a tratar de doentes não-COVID.”
As jovens irmãs enfermeiras dizem que, dos pais, receberam as ferramentas para tomarem as decisões certas na vida. “Nunca nos empurraram para nada e deram-nos todo o apoio quando souberam que nos íamos tornar enfermeiras”.