Senado e Congresso com maioria republicana
O cenário pós-eleitoral das intercalares de 3ª feira vai dificultar os próximos dois anos do mandato de Obama.
Com as votações os republicanos passaram a controlar o Congresso norte-americano com a maioria nas duas câmaras: a Câmara dos Representantes e agora o Senado, tendo conquistado 52 dos 100 assentos. Um cenário que é inédito desde 2006.
O sufrágio que elege os cargos de governador em 36 estados contou com vitórias inesperadas em estados tradicionalmente democratas como o Maryland ou Massachusetts. Dos 36 governadores, 22 encontravam-se em estados dirigidos actualmente por republicanos e os restantes 14 estavam nas mãos dos democratas.
Os novos eleitos entram em funções em Janeiro, com as presidenciais de 2016 já na mira dos republicanos. Dois dos governadores republicanos eleitos são potenciais aspirantes às presidenciais de 2016: o do Wisconsin, Scott Walker, e o de Ohio, John Kasich.
Um castigo a Obama
O eleitorado castigou fortemente o presidente Barack Obama, principalmente os democratas nos Estados do Sul e do Oeste, de acordo com o New York Times.
“Obama pôs o nosso país numa vala. Muitos dos seus tenentes para o Senado ajudaram-no”, disse Reince Priebus, presidente do Comité Nacional do GOP. “O castigo vai ser grande e muito sério”, continuou, citado pelo NYT.
De acordo com o Washington Post, o tema dominante nestas eleições intercalares foi Barack Obama, cuja imagem e popularidade foram fortemente afectadas pelo plano de saúde conhecido como Obamacare e pela sua atitude em termos de crises no estrangeiro, como o ISIS e o Ébola. Durante a campanha, foi quase como se Obama estivesse isolado. Os republicanos fizeram-lhe duros ataques, e os democratas procuraram distanciar-se do presidente. No Kentucky, a democrata Alison Lundergan Grimes não respondeu se iria ou não votar em Obama.
Nesse Estado estava prevista uma dura batalha entre Grimes, 35 anos, e Mitch McConnell, o líder dos republicanos no Senado eleito senador do Kentucky cinco vezes consecutivas. Algumas sondagens apontavam que Grimes tinha entre 85 e 99% de hipóteses de vencer. McConnel acabou por vencer pela sexta vez e concretizou um sonho de trinta anos: tornou-se líder da maioria no Senado.
E Obama tinha consciência das dificuldades. Na terça-feira, participou por telefone em quatro programas de rádio para comentar as eleições. Num deles, no Connecticut, onde apoiou o Governador Dan Malloy, Obama admitiu o cenário negro enfrentado este ano pelos democratas: “Este ciclo eleitoral apresenta provavelmente o pior grupo de Estados para os democratas desde Dwight Eisenhower”, disse, numa referência às eleições intercalares de 1958, onde o Partido Republicano perdeu 13 lugares no Senado.
Esta derrota democrata é comparável aquelas sofridas por Nixon em 1974 e Clinton em 1994, disputando com estas o título das eleições mais destrutivas para o partido presidencial desde o fim da II Guerra, escreve o New York Times.