“TASTE OF NEWARK” É PARA REPETIR EM 2023 E EM DOSE DUPLA, GARANTE O VEREADOR MICHAEL SILVA
Por HENRIQUE MANO | News Editor | Newark, NJ
A iniciativa “Taste of Newark”, que, durante três domingos intercalados, de Agosto a Setembro, encerrou a Ferry Street ao trânsito para que o sector da restauração avançasse para o asfalto, é para repetir em 2023. E em dose dupla. A informação é avançada pelo vereador Michael Silva, do Bairro Leste, em declarações ao jornal LUSO-AMERICANO este domingo, durante o último dia do “Taste of Newark”.
“Acredito que este evento seja algo de que o Ironbound precisa, é benéfico para a nossa comunidade, para as nossas famílias que aqui vivem e para todos os empresários com restaurantes que, nos últimos dois, três anos, sofreram bastante com a situação de pandemia”, acrescenta o legislador municipal.
O conceito do “Taste of Newark” surge à semelhança de iniciativas levadas a cabo por outras municipalidades de New Jersey “e que eu e o ‘mayor’ resolvemos replicar aqui”, refere Silva.
Ainda no balanço desta 1.ª edição, o vereador garante que o “Taste of Newark” é para repetir em 2023, estando previsto que haja uma edição na primavera, lá para finais de Maio “e antes do fim-de-semana do Dia de Portugal” e outra no final do verão.
O vereador pelo Bairro Leste reconhece que a questão do engarrafamento de trânsito pode constituir uma inconveniência aos moradores da região, que já enfrentam a mesma maleita todos os dias da semana. “Estamos cientes disso, razão porque decidimos manter as ruas perpendiculares à Ferry abertas para que o tráfego possa fluir, o que ajuda muito”, nota. “Por outro lado, trata-se de um domingo, quando há menos movimento (fizemos um estudo preliminar para avaliar as condições em que faríamos o evento). Peço aos residentes do bairro que tenham um pouco de compreensão, juntem-se a esta iniciativa – que é para bem de todos – e venham à Ferry fazer uso dos nossos excelentes restaurantes.”
ANTÓNIO NOBRE: “NÃO HÁ RAZÃO PARA QUE NÃO SE FAÇA TODOS OS ANOS”
Um dos espaços de restauração com porta aberta na Ferry Street que sentiu pela positiva o impacto da iniciativa, foi o emblemático “Sol-Mar”, no número 267 da “Portugal Boulevard”. No domingo, por volta das 2:00 da tarde, era dos restaurantes com maior aglomeração de clientela sentada nas mesas colocadas na rua. “Acho uma ideia muito oportuna, que se torna numa verdadeira montra daquilo que o Ironbound – entre outras coisas – tem de melhor para oferecer: a gastronomia”, diz António Nobre, proprietário do “Sol-Mar”, que surgiu em 1969 e hoje é um dos restaurantes em Newark há mais tempo em funcionamento contínuo. “A cidade precisa disto.”
O conhecido empresário reconhece que o movimento no seu restaurante “nos três dias do ‘Taste of Portugal’ aumentou significativamente, por muitas razões”, afirma. “Nós também fomos de encontro à iniciativa e montámos aqui um palco com atracções musicais que trazem gente. As pessoas gostam de sair e ir a um sítio onde se sintam bem e, modéstia à parte, nós, aqui no “Sol-Mar”, proporcionamos isso.”
Nobre aplaude o “Taste of Newark” e acrescenta: “Já antes tínhamos a noção de que deveria ser feito e, agora, temos mesmo a certeza disso. Não há nenhuma razão para que não se faça, daqui para a frente, todos os anos.”
NEM TODOS APLAUDEM…
No número 89 da Ferry, a esplanada e as duas salas da muito concorrida churrasqueira “Ferry Street Barbecue” estavam razoavelmente preenchidas por volta da 1:00 da tarde, uma hora depois do “Taste of Newark” ter arrancado. O seu proprietário, contudo, diz ter perdido negócio nos dois dias em que aderiu à iniciativa: “Para mim, não se mostrou vantajoso, antes pelo contrário: até me trouxe menos clientela”, garante o dono do estabelecimento, que prefere não se identificar. “Como não temos área de estacionamento, os nossos clientes dependem da Ferry para estacionar; estando esta encerrada, as pessoas acabam por ir-se embora.”
O que diria às autoridades municipais face às próximas edições do evento? “Não sou ninguém para dar conselhos; dizem que, daqui para baixo, está tudo de acordo. Ou seja, para quem tem parque de estacionamento, o encerramento da Ferry não constitui problema por aí além.”
Num domingo com a Ferry aberta, diz, “tenho mais clinetela; esta fila aqui para o ‘take-away’ deveria ir até lá fora e veja como está… Geralmente as pessoas saem da missa e vêm até cá buscar comida; com a rua encerrada, não podem estacionar e vão-se embora. Isto tira gente, não traz gente, tira.”
E OS RESTAURANTES À MARGEM DA FERRY?
A poucos passos da Ferry, mas sem porta para a azáfama da artéria, no número 87 da Madison Street, o movimento este domingo não se alterou na conhecida “Seabra’s Marisqueira” por via do “Taste of Newark”. O restaurante especializado em marisco também não pôde fazer parte da iniciativa, por não ter porta para a Ferry, “mas temos a nossa esplanada e achei a iniciativa louvável, mesmo apesar de a mim não me afectar” – reage o co-proprietário Manuel Cerqueira. “Tudo que traga movimento para a Ferry é positivo para o bairro inteiro. As pessoas podem andar pela rua à-vontade, com mais espaço, visitar lojas e experimentar restaurantes.”
Cerqueira, cujo restaurante dispõe de estacionamento, não notou num aumento de movimento nos três dias do evento. A marisqueira abriu em 1989 e está nas mãos dos actuais proprietários desde 2001: “São 21 anos já na mesma luta, todos os dias.”