TEM 23 ANOS E É O ÚNICO LUSO-AMERICANO BOMBEIRO NO MUNICÍPIO DE NAUGATUCK, ESTADO DE CONNECTICUT
Por HENRIQUE MANO e FERNANDO G. ROSA | em Naugatuck, CT
Alex Ribeiro acorda todos os dias com vontade de ir trabalhar. E fá-lo não só porque escolheu a profissão em que se sente realizado, mas igualmente por ter um sentido de missão. “Gosto de ser bombeiro em Naugatuck pelo facto de termos aqui uma grande comunidade portuguesa e por saber que lhe posso ser útil através da minha actividade profissional”, afirma o “soldado da paz” de origem portuguesa, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Quase sempre, quando saio para uma ocorrência, tenho de falar português, pelo que sinto estar a ser útil à comunidade onde cresci e a que pertenço. Gosto de ajudar o próximo e, se o fizer a pessoas que conheço e às suas famílias, então é tudo muito mais gratificante.”
Estabelecido em 1844, o Naugatuck Fire Department está hoje ao serviço dos mais de 30 mil habitantes deste município no condado de New Haven, em Connecticut, abrangendo uma área de cerca de 16 milhas quadradas e registando cerca de 1300 ocorrências por ano.
Alex Ribeiro nasceu há 23 anos na vizinha cidade de Waterbury, “mas passei toda a vida aqui em Naugatuck”, faz questão de dizer. É filho do emigrante Tomanel Ribeiro, natural de Aldeia Nova do Barroso, Vila Real, que aos 19 anos se fixou nos EUA, e de mãe luso-descendente. “O facto de chegar a passar meses do ano em Portugal com os meus avós fez com que tivesse aprendido a falar português”, conta Ribeiro, que frequentou o Naugatuck High School.
Após o liceu, trabalhou na empresa do pai no ramo da construção civil, “mas decidi depois seguir o meu próprio caminho e tornar-me bombeiro.” Depois de meses de treino numa academia em Hartford, juntou-se ao Naugatuck Fire Department, há pouco menos de dois anos, estando hoje afecto ao ‘Truck 1’ e sendo o único luso-americano a combater fogos no município.
“Temos tido um ano com muita actividade, infelizmente, e combatemos fogos em casas de uma e maios famílias”, afirma, “mas não se registaram feridos. Há umas semanas também tivemos um incêndio num imóvel comercial, que conseguimos salvar das chamas.”
Ribeiro, que faz turnos de 24 horas das 8:00 às 8:00 e depois folga três dias, considera os colegas “a família longe da família. Afinal, estamos juntos 24 horas e temos de confiar uns nos outros quando estamos em perigo.”
Reconhece que a mãe, a princípio, preocupou-se com a escolha de carreira que fez, “sabendo-se que esta é uma actividade de risco, mas percebe que faço o que gosto e que recebi treino para enfrentar todas as situações.”
O bombeiro Alex Ribeiro, que diz ter tido uma infância tipicamente luso-americana, pensa um dia subir na carreira “e chegar a capitão, mas ainda sou muito novo e tenho muito caminho a fazer. Nesta profissão, é necessário muita experiência para se subir nos degraus hierárquicos.”
O jovem profissional também diz ter “orgulho” da comunidade luso-americana de Naugatuck, “onde cada vez se vêem mais portugueses polícias, médicos, advogados e em todos os sectores da sociedade.”