TEM 26 ANOS E É CONTABILISTA. NAS HORAS VAGAS, VESTE A FARDA DE BOMBEIRA EM NOVA IORQUE E AJUDA A SALVAR VIDAS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Quando, no ano passado, Vivian Loureiro trocou a cidade de Mount Vernon pelo pacato município de Ossining, à beira do rio Hudson, no estado de Nova Iorque, para viver, a  primeira decisão que tomou foi: “Oferecer-me para entrar nos Bombeiros.”

Pouco depois, e após a necessária formação (“ainda me falta um curso no Westchester Community College, que devo tirar este verão”), a luso-americana estava integrada num dos quartéis dos Bombeiros Voluntários de Ossining – o Steamer Co. N.º 1, onde, entre os cerca de 40 elementos, é hoje a única mulher no activo.

“Qualquer pessoa com motivação para isso e sentido de responsabilidade, seja homem ou mulher, pode tornar-se bombeiro”, garante Vivian Loureiro, de 26 anos, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO.

Loureiro está em boa companhia. “Aqui vive-se um grande clima de camaradagem e entre-ajuda. Somos como uma grande família; aliás, Ossining tem uma longa tradição no que toca ao voluntariado, tanto é que somos todos voluntários aqui”, acrescenta Loureiro.

A participação luso-americana neste autêntico exército de ‘soldados da paz’ não se restringe a Vivian; são muitos os luso-descendentes que alinham pelos Bombeiros de Ossining, cujas origens remontam ao distante ano de 1876.

🌐ORIGENS NO MINHO E TRÁS-OS-MONTES

Vivian nasceu em Bronxville, no condado nova-iorquino de Westchester. Os pais, Luís Loureiro e Teresa Galvão, são naturais respectivamente de Viana do Castelo e Chaves. A bombeira cresceu em Mount Vernon e fez o liceu no Saint Barnabas High School, em Bronx, logo depois formando-se em contabilidade pela Iona College – actividade a que se dedica a tempo inteiro.

“Foi um amigo também português, bombeiro em Ossining, quem me incentivou”, revela. “Achei logo tudo muito interessante.”

Hoje está plenamente ambientada ao Steamer Co. N.º 1, onde foi recebida de braços abertos. “Nem o facto de estarmos em pandemia, quando comecei, me demoveu. Nunca deixámos de cumprir o nosso dever. E se nós o pudemos fazer, qualquer um pode.”

🌐FALAR PORTUGUÊS: UMA VANTAGEM

A bombeira diz estar disponível para qualquer que seja a tarefa a ser-lhe atribuída, “desde o transporte de tanques de oxigénio e ferramentas, ao manuseamento e abertura de bombas de água. Assim que tiver a minha formação completa e a experiência prática necessária, espero começar a avançar para o combate ao fogo propriamente dito.”

Os pais, a princípio, não acharam muita piada a entrada de Vivian para os bombeiros… “Afinal, sempre é uma profissão de risco”, lembra. “Mas hoje são eles que até brincam e dizem que, na eventualidade de um incêndio em casa, sou eu a apagá-lo.”

Como tanto outros luso-americanos, “até aos 4 anos só falava português”, conta. “Quando fui para a escola, não dizia uma palavra de inglês. Hoje, o facto de ser bilingue, é uma mais-valia para a minha carreira de bombeira, dada a existência de uma considerável comunidade lusa aqui em Ossining.”

Vivian Loureiro acredita que, ao criar família, deverá poder continuar a dar o seu tempo como voluntária aos Bombeiros – “sobretudo se o meu futuro marido também o for.”

Deixa como conselho: “Se os bombeiros do sítio onde viverem forem voluntários, juntem-se a eles. É uma óptima forma de ser útil à sociedade e de entrar para uma grande família cuja objectivo é salvar vidas.”