TEM ORIGENS EM LOUROSA E É ‘K-9 OFFICER’ NA 5.ª MAIOR CIDADE DO ESTADO DE CONNECTICUT

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Tem 37 anos e é filho de emigrantes da Lourosa, no norte de Portugal, o agente Michael Silva, da Polícia de Waterbury, estado de Connecticut. A cidade, com mais de 110 mil habitantes, emprega 294 polícias e é considerada o 9.º maior centro urbano da área metropolitana de Nova Iorque. Michael Silva, que vestiu pela primeira vez a farda de polícia aos 25 anos, é hoje um dos apenas três agentes que integram o Grupo de Intervenção Cinotécnico da Polícia de Waterbury – onde cães treinados para o efeito se juntam à tarefa de manter a lei e a ordem públicas.

“Tornei-me ‘K-9 officer’ depois de ter mostrado interesse nessa posição e de ter concorrido à mesma”, conta Michael Silva, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Uma vez seleccionado, passei por um período de treino na Academia da ‘State Police’ aqui em Connecticut de 15 semanas, onde obtive a respectiva certificação. Entre outras coisas, somos treinados a intervir em áreas como o tráfego humano, apreensões, obediência do canídeo ao comando do agente, controlo de multidões, etc.. A par disso, fiz ainda uma formação adicional de 5 semanas para poder actuar na área dos narcóticos.”

“Tornei-me ‘K-9 officer’ depois de ter mostrado interesse nessa posição e de ter concorrido à mesma”, conta Michael Silva, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO

🌐AS ORIGENS PORTUGUESAS

Waterbury, ou a ‘Brass City’, dista apenas 77 milhas de Manhattan e é a 5.ª maior cidade do estado de Connecticut. As origens da sua polícia remontam ao ano de 1853, sendo hoje uma força moderna, com alguns luso-americanos no seu seio – a reflectir uma comunidade portuguesa já bem estabelecida.

Os pais de Michael Silva emigraram da nortenha cidade de Lourosa, sede da freguesia do mesmo nome, em 1974. O agente nasceu e cresceu em Waterbury, onde aliás fez o liceu. Do Kennedy High School, passou para a University of Connecticut, onde se formou em Criminologia. “Desde miúdo que a actividade da polícia me interessava”, reconhece Michael Silva. “Via filmes policiais e gostava de brincar aos polícias e ladrões. Mas foi mesmo já na universidade que fiz essa escolha de carreira.”

Assim que é contratado pela Polícia de Waterbury, em 2008, passa pela sua academia de treino e formação e começa a patrulhar as ruas da cidade que tão bem conhecia. Só sete anos depois faria equipa com ‘Blitz’, que nasceu há 6 anos na República Checa; o cão seria adquirido pela polícia a um criador em Nova Iorque e hoje a relação entre os dois é muito mais que de trabalho…

“São muitas as funções de um canídeo na polícia”, observa Silva. “Não apenas podem ser chamados a intervir para localizarem provas numa cena de crime, como para identificar a presença de drogas e outras substâncias”.

🌐DE CÃO-POLÍCIA A ANIMAL DE ESTIMAÇÃO

O ‘Blitz’, que responde às ordens de comando em inglês de Michael Silva, é uma presença constante na sua vida. “Não só passo o dia a trabalhar com ele, como o levo para casa no final do mesmo. Ele está comigo em casa, no trabalho, com a minha família, quando vemos TV no sofá, quando jantamos, quando estou em dias de feriado ou na cama doente – está sempre comigo. Quando termina o turno de trabalho e vai para nossa casa, é como se o ‘Blitz’ desligasse a função de cão-polícia para passar a ser um animal de estimação.”

Silva lembra que a dupla ‘agente e cão-polícia’ “é uma responsabilidade 24 horas por semana. É um compromisso muito sério profissional que se assume. E é claro que nos apegamos bastante um ao outro, mas, numa situação de perigo, terei de o sacrificar para que salve um polícia ou uma vida humana. É terrível dizer isto, mas é a natureza do nosso trabalho.”

Fachada da Polícia de Waterbury, CT

Michael Silva diz ter tido uma infância tipicamente portuguesa. “Os meus pais eram muito rígidos e fizeram-nos perceber o valor de se trabalhar arduamente. Claro que também gosto muito da nossa comida e vale dizer que a minha mãe é optima cozinheira…”.

O agente diz-se satisfeito com o que por agora faz, mas não põe de parte a ideia de vir a ser detective. “Gosto de evoluir como pessoa e como profissional”, nota.