TEM ORIGENS NA GUARDA E ESTÁ NA LINHA DA FRENTE DA PROTECÇÃO CIVIL
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Quando a linha 911 toca no município de Ludlow, em Massachusetts, e os veículos dos Bombeiros locais se põem em acção, é grande a possibilidade de que, no interior de um deles, vá o luso-americano João Bernardo, de 30 anos. O bombeiro, técnico socorrista e paramédico é um dos 23 elementos da corporação – que tem a seu cargo a protecção civil dos pouco mais de 20 mil habitantes.
“Esta é uma profissão que exige muito de nós mas não me vejo a fazer outra coisa”, afirma João Bernardo, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Todos os dias nos trazem desafios diferentes e mesmo quando não estamos fora do quartel, ou de prontidão, o nosso tempo é ocupado a fazer treino, essencial para um melhor desempenho.”
Como bombeiro/paramédico, as suas jornadas de trabalho podem colocá-lo em confronto com as piores das situações – acidentes, mortes, incêndios, enfim. “É a desabafar com os meus colegas que muitas vezes consigo regressar à normalidade e ultrapassar esses traumas”, revela.
Ludlow acolhe uma das mais vibrantes comunidades lusas da Costa Leste. Não admira, pois, que, nas fileiras dos Bombeiros, se encontrem apelidos portugueses como o de João… A corporação, que inclui ‘soldados da paz’ profissionais, remonta ao ano de 1880, estando hoje no 574 da Center Street, junto à Chapin e paredes meias com a Polícia. De acordo com Bernardo, em 2020 terá respondido a cerca de 5 mil pedidos de intervenção.
🌐ORIGENS NA GUARDA
João Bernardo nasceu em Springfield, MA e cresceu em Ludlow; o pai, natural de Malanje, Angola, é filho de portugueses da freguesia de Ratoeira, no concelho de Celorico da Beira (Guarda), que emigrou aos 16 anos para Massachusetts. João fez o liceu em Ludlow e seguiu para a Worcester State University, onde se formou em Psicologia e Criminologia.
“Quando acabei a universidade, ainda tentei emprego no ramo da lei e da ordem mas acabei por chegar à conclusão que não era o que queria realmente fazer”, diz.
Junta ao currículo um curso de técnico socorrista e logo depois o de paramédico, entrando aos 27 anos para os Bombeiros de Ludlow, onde ainda se mantém.
O que não previu, certamente, foi a chegada de uma pandemia mundial… “A COVID veio tornar a nossa rotina de trabalho ainda mais difícil, sobretudo na interacção com as pessoas que temos de ajudar”, explica.
João Bernardo, que entende mais do que fala o português, diz não ser raro, no exercício das suas funções, “encontrar pessoas que, ao verem o meu nome, logo perguntam se sou português e quem são os meus pais.”
Não se arrepende da escolha de carreira, e acrescenta: “Estudei para ser polícia, mas acabei por tornar-me bombeiro e paramédico. Se seguirem um curso e mais tarde decidirem que não é o que de facto gostariam de fazer, não tenham medo de perseguir o vosso sonho.”