TENENTE DA PRESTIGIADA NEW JERSEY STATE POLICE É PRODUTO DO IRONBOUND E FILHO DE AÇORIANOS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Aos 48 anos, Luís Ponte é o luso-descendente de que há registo com a mais alta patente na prestigiada New Jersey State Police [www.njsp.org] – tenente. Esta importante força de segurança, criada há precisamente um século pelo mítico general Norman Schwarzkopf, emprega cerca de quatro mil profissionais e, obedecendo ao lema ‘Honra, Dever e Fidelidade’, tem-se afirmado pelo alto padrão de profissionalismo que exige dos seus.

Ponte, um produto da comunidade portuguesa do Ironbound, onde nasceu e cresceu, subiu os vários escalões da carreira da mesma forma como enfrenta a  vida – fazendo-se respeitar e respeitando o próximo: de state trooper (e trooper 2 e 1) passou a sargento, sargento de 1.ª classe e, em 2016, tenente.

🌐ORIGENS HUMILDES

“Venho de origens muito humildes”, afirma o tenente Luís Ponte, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Cresci num apartamento em Newark no 3.º andar da casa de uma tia; a minha mãe fez a 4.ª classe em Portugal e o meu pai, que morreu num acidente de trabalho na construção quando eu tinha 1 ano, também. Não tenho, portanto, memórias dele.”

A mãe de Ponte, natural de Ribeira Quente, São Miguel (Açores), tal como o pai, oriundo de Lomba da Maia, não voltaria a casar-se, optando por criar os dois filhos como pôde. “Vi-me obrigado a ganhar maturidade mais cedo em relação ao normal e depressa percebi que teria de trabalho arduamente, nada me iria ser dado de bandeja”, continua. “Valeu-nos termos sido sempre uma família muito unida.”

Depois de completado o ‘Queen of Peace High School’ em North Arlington, NJ, Ponte segue para o St. Peter’s College de Jersey City, onde tira Sociologia, mas já com o bichinho da polícia na mente (o que o leva a estudar também Criminologia). “Queria fazer a diferença para a positiva na vida das pessoas e a profissão nas forças de segurança iria permitir-me isso”, conclui. “Na polícia não lidamos apenas com o factor crime, vamos muito mais além e podemos exercer uma influência realmente positiva na comunidade – sobretudo se soubermos fazer parcerias.”

🌐DE AGENTE EM NEWARK A STATE TROOPER

Aos 24 anos torna-se polícia em Newark, “onde vivia e saberia que a experiência me abriria caminho a muita aprendizagem no ramo.” Anos depois, contudo, transita para a New Jersey State Police, afecto à Troop B e entregue à patrulha numa zona rural do ‘Estado Jardim’. Hoje colocado na sede em West Trenton, faz parte do Bureau de Planificação.

“O trabalho da NJSP, ao contrário do que se possa pensar, não se resume à segurança nas autoestradas”, nota. “Para além disso e do patrulhamento de zonas rurais sem presença de polícia e do trabalho investigativo, a nossa missão é muito abrangente.”

Luís Ponte reconhece que o trabalho de polícia na América acompanha a evolução da sociedade e dos tempos. “E acho normal que se exija de nós um alto padrão de comportamento. Também importa, contudo, dar a saber que, no nosso trabalho de todos os dias, há muito de positivo que é feito e os meios de comunicação deveriam esforçar-se por divulgar também esse aspecto da nossa actividade.”

Em perspectiva, o tenente diz que ser bilingue ajudou na carreira – uma carreira cuja escolha nunca pôs em questão.

Numa nota mais pessoal, revela torcer por duas equipas de futebol: o Sporting e o Santa Clara. “Se as duas jogarem uma contra outra, aí a minha escolha recai sobre o Santa Clara…”.