TORNOU-SE AGENTE AOS 33 ANOS. HOJE É SARGENTO NA POLÍCIA DE ELIZABETH, NJ E ESPERA CHEGAR A TENENTE
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Paul Camarinha começou relativamente tarde a carreira na polícia – aos 33 anos. Contudo, fê-lo com uma certeza: a de que estava na profissão em que se sente realizado. “Acho mesmo que tenho a actividade policial no sangue”, diz o sargento da Polícia de Elizabeth, NJ, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Sempre gostei de estar em posição de ajudar o próximo, mesmo quando estou de folga, porque não é fácil deixar esse instinto de parte… Regozijo-me em saber que há toda uma nova geração de agentes na Polícia de Elizabeth com a mesma entrega e propósito, a quererem servir a comunidade e torná-la mais segura.”
Paul Camarinha nasceu há 55 anos na cidade da Beira, em Moçambique, filho de algarvios de Portimão. Tinha 4 anos quando os pais se mudaram primeiro para a Rodésia (hoje Zimbabué) e em 1976 para Portugal. No ano seguinte, os Camarinha emigravam para a América, fixando-se em Newark, onde Paul viveu até à transferência para Elizabeth – em 1997.
Depois de terminado o East Side High School, no Ironbound, trabalhou como condutor de veículos pesados e ainda esteve como funcionário de terra numa companhia aérea. “Só que ser polícia tinha-me estado sempre na mente”, reconhece. “Fiz o teste de admissão ao serviço público e acabei contratado pela Polícia de Elizabeth. Foi a concretização d um sonho antigo.”
Como qualquer iniciante, começa por fazer patrulha, afecto a um dos bairros da cidade. “Fazia os turnos da noite e na altura até gostei, porque é quando se ganha experiência prática, é quando nos confrontamos com a realidade nua e crua do trabalho de polícia.”
A subida a sargento sucede em 2018; numa primeira fase, é colocado à cabeça da supervisão de um grupo de patrulha, “na área da logística e assistência técnico-legal.” No ano passado, em plena pandemia, foi transferido para o bureau de detectives e “presentemente estou afecto ao departamento de assuntos internos, por onde passam os processos disciplinares e outros.”
Paul Camarinha, que, entre 2014 e 2020, fez parte da ‘Riffle Team’ da E.P.D., criada pelo então capitão Sacca (hoje chefe), espera continuar a subir no escalão hierárquico da Polícia de Elizabeth diz mesmo estar na lista de espera para chegar a tenente.
“Sempre tive muito orgulho em poder representar a comunidade luso-americana nas fileiras da Polícia da Elizabeth”, sublinha. “Como falo português, até sirvo de vez em quando com ponte entre os dois mundos numa situação policial em que é necessário a intervenção de um intérprete.”
Camarinha lembra que, de certa maneira, também sente – na escolha de carreira – a influência do pai, que foi agente na Beira, em Moçambique. E a quem quiser abraçar o mesmo ofício, deixa como conselho: “Certifiquem-se de que é mesmo isso o que querem fazer, esta não é uma profissão fácil, sobretudo no mundo de hoje. Estudem, investiguem, vão para a escola, sejam cidadãos exemplares, aprendam o que puderem sobre o aspecto legal do trabalho de polícia e mantenham-se em boa forma física. Se ainda assim for o que almejam, persigam o vosso sonho e vão para a polícia.”