TRÊS MULHERES COM PAPEL ACTIVO NA VIDA COMUNITÁRIA PORTUGUESA EM NOVA IORQUE
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Imaginar o movimento associativo português nos Estados Unidos em pleno século XXI sem o envolvimento das mulheres, está fora de questão. Elas, hoje, por próprio mérito, vingam nos mais altos cargos directivos, nas salas de aulas das escolas comunitárias, à frente da organização de eventos, à cabeça das cozinhas dos clubes… Para além, óbvio, do incrivelmente difícil papel de mãe e mulher – que, só por si, já lhes preenche grande parte do dia.
Long Island, no estado de Nova Iorque, espelha pelo melhor esta realidade. Em Brentwood, por exemplo, a direcção do LIPAC (Long Island Portuguese-American Club) é maioritariamente composta por senhoras; em Farmingville, o sexo feminino também é presença dominante nos órgãos directivos do PACS (Portuguese-American Center of Suffolk). Daí não admirar que, este ano, pela primeira vez, as duas agremiações tenham comemorado formalmente o Dia Internacional da Mulher.
EVOLUÇÃO NO CAMPO DA IGUALDADE DE GÉNEROS
“Foi importante assinalar essa data”, afirma Maria Ribeiro, que ajudou a tornar realidade a iniciativa. “O papel da mulher na sociedade já era respeitado em Portugal quando emigrei, em 2003, mas aqui senti que ainda havia trabalho a fazer – a nível das nossas comunidades. Dessa parte aos nossos dias, registou-se uma grande evolução no que diz respeito à igualdade de géneros; nós, as mulheres, somos fortes e determinadas e fazemos nas comunidades aquilo que muitas vezes exige coragem e risco.”
Pauline Fidalgo é filha de mãe transmontana e pai arcuense. Cresceu em Queens até ao 15 anos, altura em que se mudou para Long Island; hoje é paralegal num escritório de advocacia em Mineola e faz parte da direcção do LIPAC.
“A ideia de comemorarmos o 8 de Março surgiu de Lina Lopes, vice-presidente do LIPAC, e envolveu ainda outra vic-presidente, Sandrine Rodrigues”, nota. “Para além do simbolismo da data, também foi saudável voltarmos a reunir um grupo de senhoras – em segurança – sob o tecto destas duas casas. A COVID impôs-nos um longo período de confinamento e podermos ter estado juntas e trocar ideias, foi bem positivo.”
ALTERAR MENTALIDADES
Adianta Pauline: “Como mulheres, temos por natural tendência entregar-nos às coisas com mais paixão – embora muito do que fazemos é em parceria com os homens. Aliás, só assim levaremos o barco adiante.”
Com 23 anos de vida no rancho folclórico de Mineola e também com passagem pelo de Farmingville, Pauline Fidalgo sublinha que cabe também às mulheres fazer um esforço para aproximar as novas gerações à vida comunitária. “Esta troca de experiências far-nos-á a todos pensar fora da caixa, aceitar e respeitar outras culturas e até alterar mentalidades para melhor. sobretudo no mundo de hoje, isto é extremamente importante.”
Graça Dinis é já veterana nas andanças da vida associativa. Para além de correspondente do jornal LUSO-AMERICANO, a maior publicação de língua portuguesa nos EUA, a emigrante caldense está há mais de duas décadas na direcção escolar da ‘Antero de Figueiredo’, faz parte do ‘Aldeias de Portugal’, foi relações públicas e contribui para o grupo das senhoras auxiliares. “Ajudo quando é preciso”, nota. “É um orgulho poder fazer parte do grupo de voluntários que contribui para que este Centro seja admirado e respeitado não só em Long Island mas em toda a Costa Leste.”
O ENVOLVIMENTO DO NÚCLEO FAMILIAR
Graça Dinis não se fica pelo seu próprio envolvimento na vida lusa e incutiu nos três filhos (que completaram todos a escolaridade em português) o mesmo sentimento; a filha é responsável pelo concurso de misses do PACS e os filhos rapazes já todos fizeram parte de direcções. “É o trabalho em grupo que nos fortalece”, lembra, dizendo ainda que o marido é parte importante do esforço. “Como mulheres, devemos cumprir as nossas tarefas no lar e profissionais e contribuir a nível comunitário sempre que possível. A nossa voz é importante e deve ser ouvida.”
Maria Ribeiro, natural de Montalegre, envolveu-se no mundo comunitário ao ser convidada a dar aulas na Escola ‘Antero de Figueiredo’, em Farmingville, em 2009. “Estava disponível e aceitei o desafio, até porque em Portugal me preparava para ser professora”, diz. Agora é também docente no LIPAC.
Maria reconhece que o sentir português palpita mais forte no coração das mulheres. “De forma afectiva, somos mais ligadas à saudade e incentivamos os filhos a unirem-se à comunidade. Os homens também o fazem, à sua maneira, para além de carregarem o fardo de pai de família, que só por si é notável.”
Graça Dinis termina apelando às mulheres que ainda não descobriram a alegria de viver o pulsar do sentir português na América: “Juntem-se a nós, não fiquem fechadas em casa. Vamos andar de cabeça erguida e realçar o papel das portuguesas aqui e em todas as nossas comunidades.”
OS FSTEJOS DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER EM LONG ISLAND
O Dia Internacional da Mulher, que se comemorou oficialmente pela primeira vez no LIPAC de Brentwood e no PACS de Farmingville, deveu-se ao envolvimento dos seguintes elementos:
• Lina Lopes, Sandrina Rodrigues, Graça Chedas, Pauline fidalgo, Maria Ribeiro, João Oliveira, Alberto Chedas, Nuno Luz, Joaquim Pereira, Márcio Chita, Adelino Moreira, Luís Pires, Manuel Fernandes, Joaquim Dinis e José Campos.