UCRÂNIA: Estados Unidos vão fornecer aviões a Kiev

Os Estados Unidos estão “a trabalhar activamente” para concertar com a Polónia o envio de aviões de guerra para a Ucrânia, revelou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante uma visita à Moldova.

“É impossível falar de um calendário, mas posso dizer que estamos a analisar o assunto muito, muito activamente”, afirmou Blinken à imprensa.

De acordo com Blinken, os Estados Unidos estão em “conversações muito activas com as autoridades ucranianas (…) para uma avaliação final das suas necessidades”.

“No decorrer desta avaliação, vamos ver o que nós, os nossos aliados e os nossos parceiros podemos fornecer” para fortalecer as defesas das forças ucranianas contra a invasão russa, acrescentou.

“Estamos agora a analisar activamente a questão dos aviões que a Polónia pode fornecer à Ucrânia e a analisar como podemos compensar a Polónia se [o país] decidir avançar com esse fornecimento de aviões”, acrescentou o secretário de Estado.

Vários meios de comunicação norte-americanos avançaram a possibilidade de um possível acordo entre os Estados Unidos e a Polónia para Varsóvia fornecer à Ucrânia aviões de guerra da era soviética em troca de caças F-16 norte-americanos.

Kiev tem pedido aos países ocidentais que forneçam assistência militar, incluindo aviões, para se defender contra a invasão russa, que entrou hoje no 11º dia.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos países da Europa de leste que lhe forneçam aviões fabricados na Rússia, já que os ucranianos sabem pilotá-los.

Os Estados Unidos anunciaram na semana passada que forneceriam ajuda militar à Ucrânia no valor 350 milhões de dólares (cerca de 320 milhões de euros), o que constitui a maior ajuda militar na história dos EUA.

Número de refugiados ultrapassou os 1,5 milhões 

Entretanto, o número de pessoas que fogem do conflito na Ucrânia ultrapassou os 1,5 milhões, tornando esta a crise de refugiados “de crescimento mais rápido” na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, avisou ontem a ONU.

“Mais de 1,5 milhões de refugiados da Ucrânia saíram para os países vizinhos em dez dias. Esta é a crise de refugiados de crescimento mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, escreveu o Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, numa publicação na rede social Twitter, citada pela agência de notícias francesa.

11.000 manifestantes detidos na Rússia

Pelo menos 3.500 pessoas foram, domingo, detidas em várias manifestações na Rússia a exigir o fim da invasão da Ucrânia, em resposta ao apelo do líder da oposição Alexei Navalny.

Segundo as agências noticiosas russas Tass e Interfax, a porta-voz do Ministério do Interior russo, Irina Volk, disse que pelo menos 3.500 pessoas foram detidas numa série de protestos não autorizados em Moscovo, São Petersburgo e outras cidades russas.

Segundo a fonte, cerca de 2.500 pessoas manifestaram-se em Moscovo, das quais 1.700 foram detidas, enquanto outras 1.500 participaram num protesto semelhante em São Petersburgo, das quais 750 foram presas.

A porta-voz disse que outras 1.200 pessoas realizaram manifestações não autorizadas noutras regiões do país, das quais 1.061 foram presas.

O líder da oposição russa Alexei Navalny instou a população do país a “ignorar as proibições” e a tomar as ruas de Moscovo e São Petersburgo para exigir o fim da invasão da Ucrânia e protestar contra o Presidente russo, Vladimir Putin, como o responsável pela intervenção.

O Ministério Público e o Ministério do Interior russos tinham avisado a população para não integrar os protestos, recordando-lhes que a participação seria punível com pena de prisão, uma advertência que Alexei Navalny denunciou como um acto de repressão.

Segundo a fonte, perto de 11.000 manifestantes foram detidos no país desde 24 de Fevereiro, data do início das operações militares na Ucrânia.

Apesar da intimidação das autoridades e da ameaça de pesadas penas de prisão, as acções de protesto, ainda que limitadas, têm vindo a acontecer diariamente, nos últimos 10 dias, em diferentes cidades russas.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com as Nações Unidas.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

© Luso-Americano/Agência Lusa