UCRÂNIA: Exércitos russo e ucraniano lutam por controlo de aeroporto nos arredores de Kiev

O Exército ucraniano anunciou hoje que estão em curso combates pelo controlo do aeroporto militar de Gostomel, nos arredores de Kiev, quando a Rússia já reclama a destruição de 74 instalações militares na Ucrânia.

“A luta está em curso no aeroporto de Gostomel”, localizado poucos quilómetros a noroeste de Kiev, anunciou o chefe dos Exército ucraniano, Valery Zaloujny e imagens nas redes sociais mostram que o aeroporto militar terá sido atacado por vários helicópteros.

De acordo com Zaloujny, a situação também é “tensa” no sul da Ucrânia, onde os combates estão a travar-se nas cidades de Genitchesk, Skadovsk e Chaplynka, na região de Kherson, perto da Crimeia.

O Exército russo assegura que destruiu 74 instalações militares, incluindo 11 aeródromos, na Ucrânia, onde as tropas de Moscovo lançaram uma grande operação militar, esta manhã.

“Como resultado dos ataques das Forças Armadas russas, 74 instalações terrestres da infraestrutura militar ucraniana foram desactivadas. 

Isso inclui 11 aeródromos da Força Aérea”, disse o general Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa russo, durante uma entrevista televisiva.

Konashenkov também anunciou a destruição de três postos de comando, uma base naval ucraniana e 18 estações de radar dos sistemas de defesa antimísseis ucranianos S-300 e Buk-M1, bem como de um helicóptero de ataque e de quatro ‘drones’ Bayraktar TB-2, de fabrico turco.

Konashenkov também disse que um caça russo Su-25 caiu “como resultado de um erro do piloto”, que se ejectou e se encontra “seguro e já de regresso à sua unidade militar”.

De acordo com este porta-voz, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, ordenou que o seu Exército “tratasse com respeito” os soldados ucranianos que venham a ser detidos.

A Rússia lançou hoje de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que as autoridades ucranianas dizem ter provocado dezenas de mortos nas primeiras horas.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ataque responde a um “pedido de ajuda das autoridades das repúblicas de Donetsk e Lugansk”, no leste da Ucrânia, cuja independência reconheceu na segunda-feira, e visa a “desmilitarização e desnazificação” do país vizinho.

O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.

Envolvimento de militares portugueses pode chegar aos 1.049

Na sequência da operação militar da Rússia na Ucrânia, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que os meios militares portugueses empenhados nas forças de reacção rápida da NATO poderão, “se for essa a decisão do Conselho do Atlântico Norte, ser colocados sob as ordens do comando da NATO” para a realização de “missões de dissuasão” em países membros da aliança.

António Costa ressalvou que “a NATO não intervirá nem agirá na Ucrânia” e que a sua actuação “em que as forças portuguesas poderão estar empenhadas” consistirá em “missões de dissuasão, em particular junto dos países da NATO que têm fronteira com a Ucrânia”.

Questionado sobre a dimensão dos meios portugueses que poderão ser empregues pela NATO, o primeiro-ministro respondeu que “a composição da força está já definida e tem a devida autorização do Conselho Superior de Defesa Nacional”.

A participação de Portugal numa força de elevada prontidão de até 7 dias que poderá ser activada pela NATO prevê o empenhamento de até 1049 militares, 7 aeronaves, 1 navio e 162 viaturas tácticas, segundo dados divulgados em Janeiro.

Trump diz que Putin é um génio

Entretanto, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o movimento militar de Vladimir Putin na Ucrânia como “de génio”.

“Entrei ontem [na segunda-feira] e estava lá um ecrã de televisão [a emitir notícias sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia], e eu disse: ‘Isto é de génio’. O Putin declara uma grande parte da Ucrânia. O Putin declara-a como independente. Oh, isso é magnífico”, afirmou o milionário republicado em entrevista ao programa ‘Clay Travis and Buck Sexton Show’.

E acrescenta: “Então, o Putin agora diz: ‘É independente’. Uma grande parte da Ucrânia. Quão inteligente é isso? Ele vai lá e vai ser um pacificador”.

Na óptica de Trump, a mobilização do Exército russo para as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, reconhecidas como Repúblicas Populares por Putin, “é a força de paz mais forte” que já viu. 

“Havia mais tanques do exército do que aquilo que eu alguma vez vi. Eles vão manter a paz, tudo bem. Não, mas pensa nisto. Está aqui uma pessoa que é muito experiente [Putin]”, rematou.

Já em comunicado, Donald Trump criticou a gestão do conflito pelo seu sucessor, Joe Biden, e afirmou que Putin “nunca” agiria da mesma forma se ainda fosse presidente dos EUA.

“Se gerida correctamente, não havia absolutamente nenhuma razão para que a situação se precipitasse na Ucrânia”, disse.

“Eu conheço Vladimir Putin muito bem, e ele nunca teria feito sob o governo Trump o que ele está a fazer agora, de forma nenhuma”, rematou. 

© Luso-Americano/Agência Lusa