UE condena espionagem a jornalistas e activistas

O escândalo de ciber-vigilância que denunciou a empresa israelita responsável pelo software Pegasus está a gerar réplicas de indignação. O grupo NSO é acusado por um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais de vender um programa de espionagem que permite aos operadores extrair fotografias, mensagens e emails, gravar chamadas, ou activar os microfones dos telemóveis dos visados. Na União Europeia, a Hungria está sob fogo, com a oposição a lançar suspeitas sobre o governo por espionagem de críticos ao regime. França anunciou já a intenção de abrir um inquérito à empresa.

De visita a Praga, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou que, a verificar-se, a situação “completamente inaceitável” por ser “contra qualquer tipo de regras na União Europeia no que diz respeito à liberdade dos meios de comunicação social”, que, reiterou ainda “é um dos valores centrais” do espaço comunitário. Os clientes do “software” de espionagem são numerosos. Na lista revelada pelo relatório da investigação constam nações como o Azerbaijão, o Bahrein, o Cazaquistão, o México, Marrocos, o Ruanda, a Arábia Saudita, a Hungria, a Índia e os Emirados Árabes Unidos.

Entre os alvos, que ascendem a cerca de 50 mil números telefónicos, estão jornalistas, activistas e mesmo advogados. Na Índia, mais de 40 jornalistas, três líderes da oposição e até dois ministros do governo de Narendra Modi estão entre as alegadas possíveis vítimas. O jornalista indiano Paranjoy Guha Thakurta partilhou com a Euronews os seus receios em relação à espionagem do trabalho jornalístico. “Isto também coloca as minhas fontes em risco. Se as pessoas que nos falam sob a condição de anonimato ficarem comprometidas, isso é terrível”.