Uma criança é vítima de malnutrição severa a cada minuto devido à crise alimentar mundial
A agência da ONU fez um apelo de 1,2 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) para suprir as necessidades urgentes de oito milhões de crianças em risco de morte por emaciação severa em 15 países, na maioria africanos, como Burkina Faso, Chade, Madagáscar, Mali, Níger, Nigéria, Quénia, República Democrática do Congo, Etiópia, Somália, Sudão e Sudão do Sul, mas também outros como o Afeganistão, Iémen ou o Haiti.
Segundo a Unicef, entre Janeiro e Junho o número de crianças a sofrer de emaciação severa aumentou 260 mil, de 7,67 milhões para 7,93 milhões, o que equivale a uma criança a cada 60 segundos. Isto ocorre quando o preço do tratamento para a emaciação severa aumentou 16% nas últimas semanas, devido ao rápido aumento dos ingredientes, deixando mais 600 mil crianças “sem acesso a tratamento e em risco de morte”.
“Estamos a ver as condições para níveis extremos de emaciação infantil a começar a pegar fogo”, disse a directora-executiva da Unicef, Catherine Russell, citada no comunicado.
Ajuda alimentar é crucial, mas não podemos salvar crianças esfomeadas com sacos de tricô, precisamos de alcançá-las com tratamento terapêutico antes que seja tarde demais”, alertou.
O aumento dos preços dos alimentos provocado pela guerra na Ucrânia, a seca persistente em alguns países, por vezes combinada com conflitos, e o impacto económico da covid-19, está a fazer aumentar a insegurança nutricional em todo o mundo, resultando em níveis catastróficos de malnutrição severa entre menores de 5 anos.
A emaciação severa, quando a criança está demasiado magra para a sua altura, é a mais visível e letal forma de subnutrição, sublinha o comunicado da Unicef, que explica que o enfraquecimento do sistema imunitário aumenta o risco de morte entre crianças com menos de cinco anos em até 11 vezes, quando comparado com crianças bem nutridas.
Entre os 15 países referidos pela Unicef, a agência estima que haja pelo menos 40 milhões de crianças que não recebem uma dieta suficientemente diversa para crescerem e de desenvolverem e outros 21 milhões sofrem de insegurança alimentar severa, o que significa que não têm acesso a alimentos suficientes para cobrir as suas necessidades mínimas, deixando-as em risco elevado de emaciação severa.