Veneza vai cooperar com Aveiro na procura de medidas contra subida de águas 

Aveiro quer antecipar cenários “face à previsível continuada elevação do nível das águas do mar e da Ria”. Cooperação com Veneza serve para “encontrar ideias e contributos de natureza técnica”. O presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, anunciou segunda-feira (18) que foi estabelecida cooperação com as autoridades de Veneza para estudar medidas de defesa contra a subida das águas. 

Ribau Esteves deslocou-se a Itália onde foi recebido por Pierpaolo Campostrini, director-geral do “Consórcio para a Coordenação das Actividades de Investigação sobre o Sistema Lagunar de Veneza” (CORILA), que congrega o governo regional, a Câmara de Veneza e várias empresas italianas e multinacionais. 

Cabe àquela entidade acompanhar e participar na concepção e cogestão dos projectos e das obras 

dos diques de Veneza, conhecido como sistema MOSE, assim como outras actividades em desenvolvimento no âmbito da sustentabilidade da cidade, da laguna e da área metropolitana de Veneza. 

Em declarações à Lusa, Ribau Esteves refere que as duas cidades têm “afinidades interessantes” e adianta que, na sequência da visita, vai ser calendarizada uma outra deslocação mais técnica, para visitar o sistema MOSE no terreno, e depois virá a Aveiro uma delegação italiana para conhecer a realidade dos canais da Ria de Aveiro. 

“O objetivo desta cooperação institucional, política e técnica é podermos vir a encontrar ideias e contributos de natureza técnica, em termos de solução, que nos ajudem a tomar boas decisões”, explicou Ribau Esteves. 

Aveiro procura antecipar cenários, no quadro do Plano Municipal de Combate às Alterações Climáticas, promovendo “parcerias úteis, para futuras operações de projecto e obras de adaptação e qualificação do centro da Cidade de Aveiro e dos territórios da Ria de Aveiro, face à previsível continuada elevação do nível das águas do mar e da Ria de Aveiro”. 

Para isso encomendou um estudo ao professor Carmona Rodrigues, de que se aguarda o relatório final, em que é analisada a possibilidade de aumentar a capacidade do sistema de comportas e eclusa que Aveiro possui nos canais urbanos, para manter uma toalha de água permanente e defender a baixa da cidade do efeito das marés. 

Antes de qualquer obra, Ribau Esteves quer aprofundar a cooperação com as autoridades italianas, nomeadamente sobre as técnicas de engenharia utilizadas para a defesa de Veneza, que possam vir a ser úteis. 

“A realidade é a de um mar diferente, do Mediterrâneo e do Adriático, não é o Atlântico, mas é um caso concretizado (o sistema MOSE), sobre o qual devemos refletir e discutir”, concluiu o autarca.