VICTOR DURÃO: DE REPÓRTER FOTOGRÁFICO A ENFERMEIRO

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Victor Durão vive de perto a realidade da pandemia do novo coronavírus. Enfermeiro no bloco inteiramente reservado a doentes positivos de COVID-19 no Hartford Hospital, em Connecticut, o luso-descendente esteve já confinado fora de casa (“a minha mulher está cancerosa e recebe tratamentos de quimioterapia”) depois de contacto próximo com um seropositivo (acabou por não estar infectado e regressar ao trabalho); para além de lidar diariamente com a doença, a pandemia também bateu à porta da sua família e tem o sogro de 94 anos “possivelmente nos seus últimos dias”, revelou o enfermeiro ao jornal LUSO-AMERICANO.

“Estou desde Fevereiro a tratar de doentes com COVID-19; o bloco onde me encontro só vê doentes positivos, os que derem negativo são encaminhados para outros departamentos”, diz Durão, que se assume ‘medical surgical nurse’

Com 938 camas, o Hartford Hospital surgiu em 1854 e ocupa o 2.º lugar entre as melhores unidades médicas do estado de Connecticut – de acordo com a U.S. News & World Report, estando no topo no que à cidade-capital diz respeito. Regista cerca de 96 mil internamentos por ano.

Victor Durão tem 59 anos e nasceu em Hartford, filho de imigrantes portugueses de Vale da Trave, Santarém; depois do liceu, alistou-se nas Forças Armadas, mas aos 25 anos descobriu a sua (primeira) vocação: “Tornei-me repórter fotográfico para o diário ‘Hartford Courant’. Quando comecei a notar que a indústria dos jornais em papel estava a sofrer uma grande alteração, resolvi procurar outros caminhos e decidi que a medicina seria a opção mais segura para um carreira mais duradoura.”

Matriculou-se na Capital Community College em Hartford e posteriormente na Central Connecticut State University para se formar em enfermagem e, aos 39, era o começo de uma nova vida – nem por isso menos atribulada.

“Estou desde Fevereiro a tratar de doentes com COVID-19; o bloco onde me encontro só vê doentes positivos, os que derem negativo são encaminhados para outros departamentos”, diz Durão, que se assume ‘medical surgical nurse’.

Trocou o departamento fotográfico do maior diário de Connecticut por uma carreira na saúde quase aos 40

Perguntamos a Victor Durão de que forma pode o público ser parte integrante deste combate ao novo coronavírus? “É muito importante que acreditem naquilo que as autoridades médicas e outras veiculam sobre a COVID-19; estamos numa situação muito séria. A semana passada morreu aqui um português de 26 anos com coronavírus. Esta pandemia pode afectar qualquer um, não interessa a idade. Por isso, acreditem nos noticiários, pratiquem o distanciamento social, usem máscara”, apela. “Só assim ultrapassaremos isto. Juntos.”