VINHO PORTUGUÊS NOS EUA: Tarifas vão penalizar fortemente exportação
A ViniPortugal defendeu ontem que se as tarifas dos EUA sobre os vinhos avançarem as exportações de Portugal vão ser “fortemente penalizadas” e pediu a Bruxelas que desenvolva esforços para que o sector não seja prejudicado.
“A virem a ser implementadas as tarifas aos vinhos, sobretudo na ordem de grandeza de que se fala, as nossas exportações seriam fortemente penalizadas, trazendo muitos problemas ao nosso sector vitivinícola”, avisou, em resposta à Lusa, o presidente da ViniPortugal, a associação interprofissional do vinho, Frederico Falcão.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou ontem a União Europeia (UE) com tarifas de 200% sobre champanhe, vinhos e outras bebidas destiladas se a tarifa de 50% da UE sobre o whisky norte-americano não cair.
Segundo os dados da ViniPortugal, o mercado dos EUA representa cerca de 102 milhões de euros em exportações, sendo o segundo destino das exportações portuguesas de vinho.
Os EUA são o país onde a ViniPortugal mais investe, tendo em conta o potencial de crescimento do mercado.
A associação apelou, assim, para que a Comissão Europeia e o Conselho Europeu desenvolvam esforços, de modo a que o sector não seja prejudicado por esta disputa comercial.
“Nesta altura, estamos muito apreensivos e preocupados com esta ameaça, que muito esperamos que não passe disto”, rematou Frederico Falcão.
Os produtores de vinhos mostraram-se apreensivos com o impacto das tarifas anunciadas pelos EUA, um dos principais mercados para Portugal, e esperam que Bruxelas actue, ao mesmo tempo que mostram estar fartos das ameaças de Donald Trump.
“Esta notícia não pode ser considerada boa, antes pelo contrário. O nosso principal mercado exportador, se incluirmos o vinho do Porto, é os EUA. Se retirarmos o vinho do Porto, os EUA ficam em segundo lugar e em primeiro o Brasil. [Estas tarifas] têm um impacto directo e brutal nas nossas exportações, que se vai reflectir nos países concorrentes europeus, o que significa menor competitividade comercial e interna”, afirmou o presidente da Companhia das Lezírias, Eduardo Oliveira e Sousa, em declarações à Lusa.
Ainda assim, o antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) espera que esta seja “mais uma das bombas que o Presidente Trump atira para o ar e que depois se arrepende”.
Já o administrador das Caves da Montanha, Alberto Henriques, notou que vai ter um grande impacto, tendo em conta que exportam, há mais de 40 anos, para os EUA e que este é um dos principais mercados. Contudo, desafia Trump a avançar com as tarifas.
“Hoje em dia, o Presidente Trump ameaça toda a gente com tarifas. Que desta vez não ameace, avance com aquilo que acha que deve fazer. Portugal já existia antes dos EUA. Quando ele [Trump] sair estamos de braços abertos para continuar a comprar nos EUA, a recebê-los e a vender para lá”, disse.
Já o administrador executivo da Sogrape, João Gomes da Silva, considerou que qualquer medida que gere incerteza representa um desafio, mas notou que a solidez das marcas, aliada ao interesse pelos vinhos portugueses nos EUA “permitirá ultrapassar eventuais obstáculos e continuar a crescer neste mercado”.