RECUPERADA DE COVID, LUSO-AMERICANA VAI FAZER TERCEIRA DOAÇÃO DE PLASMA SANGUÍNEO

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Quando, em pleno pico da pandemia no norte dos Estados Unidos, a luso-descendente Deana [pronuncia-se Dina] Ramos, 43, se viu no desemprego, passar uma semana de férias na casa dos pais em West Palm Beach, Flórida, pareceu-lhe uma ideia razoável.

“Estávamos em finais de Março e o meu pai tinha acabado também de chegar de Mount Vernon, NY, onde vivemos muito anos”, conta Ramos, que está radicada em Daytona Beach e trabalha na área de vendas, marketing e branding.

Uma tosse que teimava em persistir e alguma febre resistente ao Tylenol acabou por levar o pai de Deana a pedir um teste de COVID (“pelo qual teve de esperar cinco dias para fazer”). Resultado: positivo. “Mesmo quando só tínhamos a suspeita de que ele poderia estar infectado, decidimos os três ficar de quarentena em casa”, lembra Deana Ramos.

Depressa se submeteria também ela a um teste – igualmente positivo. “Só a minha mãe, curiosamente, com quem eu partilhava um quarto – o meu pai foi para o de hóspedes – é que o teve negativo”.

Apesar de assintomática, a ex-técnica do Turismo de Portugal em Nova Iorque e a família viveram tempos de natural incerteza, como aliás milhões de americanos: “O meu pai já está naquela faixa etária que o colocava entre a população mais vulnerável à COVID”, explica, “mas felizmente, apesar de um certo mal-estar e de não dormir à noite, conseguiu ultrapassar o vírus”.

❝PARA ALÉM DE NÃO CUSTAR NADA, O NOSSO ORGANISMO VOLTA A PRODUZIR O PLASMA E NUNCA FICAMOS EM RISCO POR CAUSA DE O DOARMOS❞

➔Deana Ramos, recuperou de COVID

e vai fazer terceira doação de plasma

Em Maio, ao participar numa campanha de recolha de sangue rotineira em Daytona Beach, Deana Ramos fica a saber que possui igualmente anticorpos contra o novo coronavírus. “Perguntaram-me se eu estaria interessada em doar plasma sanguíneo para utilização em terceiros como forma de combater a doença”, afirma.

A luso-descendente não pensou duas vezes. Em Julho, entrava numa clínica da rede OneBlood em Ormond Beach, FL, para a sua primeira doação de plasma. “Para além de não custar nada, o nosso organismo volta a produzir o plasma e nunca ficamos em risco por causa de o fazer”, explica.

A sessão, diz, durou cerca de 1 hora e 40 minutos.

Na passada quinta-feira, Deana Ramos voltou ao mesmo OneBlood e fez a segunda doação do mesmo material biológico. E, como se dúvidas ainda existissem de que quer realmente ajudar, tem já marcada para 23 de Setembro a sua terceira doação de plasma. “O pessoal de saúde pede que o façamos com um intervalo de pelo menos um mês”, acrescenta.

Deana Ramos nasceu em Yonkers, com um pé na América e outro em Portugal. A mãe é primeira geração luso-americana, filha de imigrantes de Pardilhó (Estarreja), e o pai nasceu precisamente no Distrito de Aveiro. Cresceu em Mount Vernon e frequentou um liceu para raparigas em New Rochelle, antes de se matricular na Fordham University para uma licenciatura em Economia. Pouco depois dos ataques terroristas do 11 de Setembro, mudou-se para a Flórida.

❝NÃO FIZ ISTO PARA QUE APLAUDAM O MEU GESTO OU RECEBER PANCADINHAS NAS COSTAS E SÓ O TRAGO A PÚBLICO NA ESPERANÇA DE INCENTIVAR OUTROS A SEGUIR O EXEMPLO❞

➔Deana Ramos, recuperou de COVID

e vai fazer terceira doação de plasma

“Não fiz isto para que aplaudam o meu gesto nem para receber pancadinhas nas costas e só o trago a público na esperança de incentivar outros a seguir o exemplo”, diz Deana Ramos. “Cada um de nós pode ajudar a transformar este mundo num sítio melhor e não precisa de ser só a dar plasma – escolham uma causa para apoiar e avancem. O importante é fazer o bem sem olhar a quem”.

Para Ramos, o facto de ter anticorpos contra a COVID fez com que doar plasma “fosse mesmo uma missão, tinha de o fazer. Mas pode-se ajudar um centro de acolhimento para desabrigados, um banco de alimentos, há tanta coisa por onde escolher. Agora, mais do que nunca, temos de ser uns para os outros”.

Sem saber com certeza absoluta se os anticorpos a irão proteger da COVID, Deana Ramos prefere tomar todas s precauções. “Tento manter-me saudável, com uma dieta equilibrada; sigo o uso de máscara sempre que necessário, lavo e desinfecto as mãos com frequência e pratico o distanciamento social”, garante.

Ajudar está-lhe no sangue. Outra causa a que se entrega diz respeito a crianças com dificuldades de aprendizagem. “Participei já quatro vezes numa campanha da ‘Easter Seals’, onde tive de descer de um edifício de 8 andares pelo seu exterior apoiada num cabo. A minha última participação traduziu-se num donativo de 1500 dólares”.

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