ONU alerta para a falta de segurança da central de Zaporija

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica) alertou para a deterioração da segurança da central nuclear ucraniana de Zaporijia, sob ocupação russa desde 2022, na sequência da explosão de um ‘drone’ perto do complexo.

A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia. Apesar dos reatores não estarem em funcionamento desde 2022, estes ainda precisem de ser arrefecidos de forma constante e esta central é a maior da Europa.

“As centrais nucleares são concebidas para resistir a falhas técnicas e humanas e a eventos externos, mesmo extremos, mas não são construídas para resistir a um ataque militar direto”, disse o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi.

Os inspetores da AIEA foram informados no sábado de uma explosão de um ‘drone’ perto dos tanques de pulverização de água de arrefecimento, a cerca de 100 metros da linha elétrica de Dniprovska, a única que ainda fornece energia à central.

Embora a detonação não tenha causado vítimas ou danos às infraestruturas de Zaporijia, afectou a estrada entre os dois portões principais da central, segundo a AIEA, citada pela agência espanhola EFE.

“Mais uma vez, estamos a assistir a uma escalada dos riscos de segurança nuclear na central de Zaporijia”, alertou Grossi num comunicado divulgado em Viena, sede da AIEA.

Na semana passada, os inspetores da AIEA examinaram também um incêndio numa das torres de arrefecimento que danificou a central.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reafirmou a acusação à Rússia de “chantagear o mundo” com um desastre nuclear desde que assumiu o controlo da central Zaporijia.

Zelensky defendeu que só quando a Ucrânia conseguir retomar o controlo destas instalações é que as normas de segurança voltarão a ser cumpridas.

Os últimos incidentes alimentam as tensões entre a Ucrânia e a Rússia, que se acusam mutuamente de ataques ou atos de sabotagem na central de Zaporijia.

O diretor-geral da AIEA, pede incessantemente pela criação de um perímetro de segurança.