FBI pede extradição de português responsável por um dos maiores fóruns de hackers do mundo
Um jovem português de 21 anos, suspeito de ser o líder de uma das maiores plataformas de hackers do mundo que terá vendido o acesso a bancos de dados de empresas e instituições norte-americanas, foi detido no Reino Unido no âmbito da operação Torniquet, organizada pelo FBI e pela Europol.
Está detido desde o final de Janeiro no Reino Unido, onde aguarda o desfecho do pedido de extradição para os Estados Unidos. De acordo com o FBI, o jovem terá criado no início de 2015, quando tinha apenas 14 anos, a plataforma RaidForums, que chegou a ter cerca de meio milhão de utilizadores e foi agora encerrada.
Este “fórum de troca de informação criminosa” comercializava informação sobre cartões de crédito, números de contas bancárias, credenciais de acesso ou senhas e nomes de utilizadores, especificou em conferência de imprensa o director da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária, Carlos Cabreiro.
Agora indiciado pelos crimes de conspiração, fraude no acesso a dispositivos e roubo de identidade agravado pela procuradoria do Eastern District of Virginia, o português foi usando diferentes nomes ao longo dos anos, como “Omnipotent”, “Downloading”, “Shiza” e “Kevin Maradona”. Terá sido identificado graças a agentes do FBI e dos serviços secretos norte-americanos, que entraram como infiltrados no RaidsForum e noutras plataformas, segundo adianta a Exame Informática, que acrescenta que terá ainda actuado como intermediário em vários negócios de venda de dados roubados, recebendo uma percentagem em criptomoedas.
A PJ participou nesta operação coordenada pela Europol, que envolveu investigações em cinco países (EUA, Reino Unido, Suécia, Portugal e Roménia) e resultou na detenção de mais dois suspeitos de outras nacionalidades. O português, “um coleccionador de informação”, na descrição de Carlos Cabreiro, estava no Reino Unido quando foi detido mas tinha residência em Portugal.
Questionado pelos jornalistas sobre uma eventual ligação entre a actividade deste fórum e os recentes ciberataques ocorridos em Portugal e noutros países ou a manipulação de eleições nos Estados Unidos, Carlos Cabreiro afirmou que ainda é cedo para se perceber se tal poderá ter acontecido. “Não se apurou uma relação directa com as eleições norte-americanas”, assegurou apenas.
Reconheceu que a informação a que as autoridades agora tiveram acesso poderá vir a ser útil para desvendar alguns crimes informáticos e para a resolução de “centenas ou milhares” de investigações que estão em curso em todo o mundo. Além do jovem português e dois cúmplices não houve, porém, mais detenções, nem mais ninguém foi detido em Portugal no âmbito desta operação, acrescentou.
Segundo a Europol, as informações transaccionadas foram obtidas ao longo dos últimos anos através de “violações de dados pessoais” efectuadas online. De acordo com o Departamento da Justiça dos EUA, os três domínios em que o o fórum estava hospedado (“raidforums.com,” “Rf.ws,” e “Raid.lol”) foram entretanto eliminados.”
A disrupção sempre foi uma técnica chave na acção contra ameaças online. Por isso, atacar fóruns que armazenam enormes quantidades de dados roubados deixa os criminosos com problemas. A Europol vai continuar a operar com os seus parceiros internacionais para tornar o cibercrime mais complicado”, avisou Edvadas Sileris, chefe do Centro de Cibercrime Europeu da Europol.