ACADEMIA AMERICANA DE NEUROLOGIA: Dieta mediterrânica pode ajudar esclerose múltipla

As pessoas com esclerose múltipla que seguem uma dieta mediterrânica podem ter um risco mais baixo de problemas de memória e capacidade de pensamento do que as que preferem outros regimes alimentares, mostra um estudo preliminar que vai ser apresentado na 75ª Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia.

A dieta mediterrânica inclui uma elevada ingestão de vegetais, legumes, frutas, peixe e gorduras saudáveis, como o azeite, e uma baixa ingestão de produtos lácteos, carnes e ácidos gordos saturados.

“É excitante ver que podemos ser capazes de ajudar as pessoas que vivem com esclerose múltipla a manter um melhor conhecimento através de uma dieta mediterrânica”, refere a autora do estudo Ilana Katz Sand, especialista da ‘Icahn School of Medicine at Mount Sinai’, nos Estados Unidos, e membro da Academia Americana de Neurologia.

“As dificuldades cognitivas são muito comuns na esclerose múltipla e agravam-se frequentemente com o tempo, mesmo com o tratamento com terapêuticas modificadoras da doença. As pessoas que vivem com esclerose múltipla estão muito interessadas em formas de serem proactivas do ponto de vista do estilo de vida para ajudar a melhorar os seus resultados.”

O estudo envolveu 563 pessoas com esclerose múltipla, que responderam a um questionário para mostrar o seu regime alimentar, tendo-lhes sido atribuída uma pontuação de zero a 14 com base nas suas respostas.

Os investigadores dividiram então os participantes em quatro grupos, tendo em conta as suas pontuações, sendo o grupo mais baixo aquele que apresentava pontuações de zero a quatro e o grupo mais alto pontuações de nove ou mais. 

Os participantes fizeram também três testes que avaliaram as suas capacidades de pensamento e memória.

E os investigadores constataram que as pessoas que seguiam mais de perto a dieta mediterrânica apresentavam um risco 20% menor de défice cognitivo do que as pessoas que não seguiam este regime.

Entre as pessoas do grupo com a pontuação mais baixa na dieta, 34% apresentavam uma deficiência cognitiva, em comparação com 13%, das pessoas do grupo com a pontuação mais elevada.

A relação era mais forte entre pessoas com esclerose múltipla progressiva, onde a doença se agrava constantemente, do que entre as pessoas com esclerose múltipla recorrente, onde a doença se agrava e depois entra em períodos de remissão.

“Entre os factores relacionados com a saúde, o nível de alinhamento dietético com o padrão mediterrânico foi de longe o mais forte predictor das pontuações cognitivas das pessoas”, afirma Katz Sand, que diz serem necessários mais estudos, que acompanhem as pessoas ao longo do tempo e ensaios clínicos de intervenção bem concebidos para confirmar estes resultados.