As religiões matam

por Luis Pires Chefe

As religiões matam”. A frase é do Frei Fernando Ventura que desabafa que “já não há paciência para os gajos da religião”.
A paz, defende o frade franciscano capuchinho, só se conquista com “o respeito absoluto pela liberdade e pela dignidade do outro, indo além da hipocrisia da tolerância. Odeio a palavra tolerância. Posso tolerar uma dor de dentes mas se digo que tolero alguém estou a colocar-me numa posição de superioridade”.

O frade Fernando Ventura, que trabalha como intérprete na Comissão Teológica Internacional da Santa Sé, foi designado embaixador do Terra Justa, encontro anual que decorre em Fafe, com o objectivo de envolver os cidadãos na reflexão sobre as causas e valores da Humanidade.

Em declarações à TSF, Fernando Ventura falou sobre a importância de lugares como este para a construção da paz, uma responsável que é de todos. “Toda a gente é chamada a ser construtora da paz no seu espaço, acima de tudo essa paz mais difícil que é a construção do eu, essa busca da paz de cada um consigo, depois com os outros e depois, se calhar, com Deus. A tarefa e desafio de todos e de cada um é a de sermos gente com gente para cada vez mais gente seja gente e nunca ninguém deixe de ser pessoa”.

O sentimento teólogo de Frei Ventura deixa-me a pensar. Quanto mais o ouço ou leio, mais me convenço que houve e há gente talhada para incentivar a espiritalidade, o ego, as vergonhas os medos que todos temos.

Frei Ventura é um exemplo de pensamento livre, ressonância existencial e consciência. Penador, poeta, escritos, teólogo, mantém firmes palavras e actos e diz o que tem a dizer.