Biden lança “Operação Fly Formula”

Foram meses de pressão nos stocks de fórmula infantil, um substituto artificial do leite materno, nos Estados Unidos devido aos problemas nas cadeias de abastecimento em todo o mundo.

A escassez agravou-se fortemente quando uma única fábrica da Abbott, produtora norte-americana deste alimento essencial para milhares de recém-nascidos, ter sido obrigada a fechar depois de infecções bacterianas ligadas à produção fabril terem provocado a morte de duas crianças.

A falta de fórmula chegou a uma fase crítica esta semana, forçando o presidente norte-americano, Joe Biden, a lançar a “Operação Fly Formula”, para importar de outros países o que for necessário para suprir as necessidades actuais.

A lei de produção de defesa (Defense Production Act) permite que as matérias-primas necessárias à produção de fórmula sejam direcionadas em primeiro lugar para as unidades fabris deste bem, independentemente das encomendas já feitas por fabricantes de outros produtos. E a “Operação Fly Formula” irá permitir que institutos públicos possam requisitar aviões para ir buscar carregamentos de fórmula de outros países. Biden está sob ataque do Partido Republicano, que o acusa de ter atrasado a tomada de medidas para resolver a situação.

Entretanto, a Abbott, que nega qualquer ligação entre as mortes e as bactérias detectadas na unidade fabril, está em negociações para a reabertura da fábrica.

A escassez está a afectar principalmente as famílias mais pobres dos Estados Unidos, principalmente as abrangidas pelo programa “Wic”, que disponibiliza fórmula a famílias de baixos rendimentos. Segundo o “The Guardian”, a Abbott fornecia metade da fórmula distribuída neste programa.

Os problemas nas cadeias de abastecimento estão a afectar praticamente todas as indústrias em todo o mundo. A pandemia da covid-19 provocou uma quebra da procura e da oferta muito acentuada com os confinamentos, restrições de movimento, e limitações de produção. Em 2021, com a melhoria da situação sanitária, a procura recuperou mais depressa do que a oferta, provocando congestionamentos nas cadeias logísticas e graves falhas na produção de bens e serviços essenciais ainda longe de estarem resolvidas. Uma situação de tal forma grave que poderá provocar uma profunda crise alimentar a nível planetário.