CANCRO: Novos casos aumentaram 5% em 2021

Os cancros da mama, colorrectal, próstata e pulmão foram os mais frequentes em 2021, ano em que se observou um aumento de 5% no número de novos casos face a 2019, refere o Registo Oncológico Nacional divulgado a semana passada.

Apesar de não haver diferenças na proporção dos diferentes tipos de cancro, “há um aumento real do número de casos. Muito porque a população está a ficar cada vez mais envelhecida, mas também porque alguns factores de risco aumentam a probabilidade de ter cancro”, disse a coordenadora do Registo Oncológico Nacional (RON), Maria José Bento.

Em declarações à agência Lusa, a epidemiologista, ainda que salvaguardando que “se deve ser prudente nesta relação”, justificou o aumento de casos com outro possível factor: a recuperação dos serviços e cuidados de saúde no segundo ano da pandemia.

“Estamos a ter um maior diagnóstico de casos. Provavelmente estamos a recuperar muitos diagnósticos. Mas é difícil afirmar se os recuperamos todos porque, ao mesmo tempo, a tendência era para aumentar o número de casos, mesmo não havendo recuperação de diagnósticos”, referiu.

No relatório lê-se que, “de acordo com o verificado internacionalmente, o número de novos casos de cancro aumentou em comparação com 2020, impulsionado sobretudo pela recuperação dos diagnósticos”.

“O impacto da covid-19 nos diagnósticos e resultados do cancro a nível da população será desconhecido durante vários anos, devido ao tempo necessário para a recolha, compilação, controlo de qualidade e divulgação dos dados”, refere o RON.

Em 2021, em Portugal diagnosticaram-se 60.717 novos casos de cancro.

De acordo com o RON, a maior parte dos casos ocorre entre os 60 e os 74 anos e no sexo masculino (54,4% dos casos).

Segue-se o grupo acima dos 75 anos (31,7%) e entre os 45 e 59 anos (20,3%).

O grupo com menor representação foi o grupo dos 0 aos 14 anos, com um total de 0,4% dos casos, seguindo-se os grupos dos 15 aos 29 anos (1,1%) e dos 30 aos 44 anos (5,8%).

Apenas nas idades entre os 15 e os 54 anos, a mulher apresenta maior incidência de cancro.

Nas mulheres, os cancros mais frequentes foram o da mama (8.714 novos casos), colorrectal (3.071) e o da pele excepto melanoma (1.985).

Nos homens, os cancros mais frequentes foram o da próstata (7.099 novos casos), do colorrectal (4.399) e do pulmão (3.942).

Comparando 2021 com 2020, o aumento de novos casos corresponde a 15%, um “aumento brutal”, como adjectivou Maria José Bento, que prefere, para garantir uma comparação mais real e sem reflectir tanto os possíveis impactos da pandemia, comparar 20-21 a 2019.

“O aumento, 5%, é na mesma considerável, mas diferente”, resumiu.

Em 2021, o cancro foi a segunda causa de morte em Portugal, com registo de 27.577 óbitos.