Candidato a presidente do Equador Fernando Villavicencio é morto a tiros
O assassinato do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio com três tiros na cabeça, nesta quarta-feira (9), gerou intensa troca de acusações entre bolsonaristas e lulistas nas redes sociais. Villavicencio, no entanto, se mostrava crítico aos dois.
Conhecido no Equador principalmente por seu trabalho como jornalista investigativo, Villavicencio foi líder sindical da Federação dos Trabalhadores Petroleiros (Fetrapec), no final da década de 90.
Como deputado, desde 2021, dizia que sua principal bandeira era a luta contra a corrupção. Villavicencio definia o Equador como um “narco-estado”, propunha restaurar a segurança com as forças armadas e a polícia nas ruas e combater duramente o que chamava de “máfia política” no país.
Seu principal adversário político era Rafael Correa, ex-presidente do Equador e aliado de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem Villavicencio compartilhou uma série de textos sobre corrupção na Petrobras.
Entretanto, Villavicencio também compartilhava conteúdo crítico contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro; desde reportagem que falava sobre “potencial genocídio” promovido pelo brasileiro durante a pandemia até denúncias de corrupção contra os filhos do ex- presidente.
Petróleo foi um dos temas mais discutidos por Villavicencio em seus 59 anos de vida.
O ex-candidato nasceu em 11 de outubro de 1963 na província de Chimborazo, no centro-sul do Equador.
Segundo o perfil publicado no site de sua campanha, foi dirigente sindical da Federação dos Petroleiros (Fetrapec), em 1999. Sua biografia de campanha diz que, desde adolescente, ele esteve ligado a organizações sociais indígenas e de trabalhadores. Villavicencio cresceu no meio rural, onde aprendeu a “cultivar e respeitar a terra e a conviver com os mais humildes”.
Segundo perfil publicado pelo jornal espanhol El Pais, Villavicencio se considerava de esquerda.
Em 2021, tomou posse como deputado eleito pela Alianza Honestidad, uma frente política formada, entre outros partidos, pelo Partido Socialista Equatoriano.
À frente da Frente Parlamentar Anticorrupção, apresentou uma série de denúncias que deram origem a investigações sobre suposta corrupção no setor petroleiro durante as presidências de Rafael Correa, Lenín Moreno e Guillermo Lasso. Em 2019, criticou Bolsonaro quando o Brasil não compartilhou informações de delações premiadas da Odebrecht com a procuradoria equatoriana.