CENTRO PORTUGUÊS DE MINEOLA VAI FAZER OBRAS DE MELHORAMENTO AVALIADAS EM 2 MILHÕES DE DÓLARES

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Aguarda apenas o alvará final das autoridades para arrancar, o ambicioso projecto de melhoramento do Centro Português de Mineola, no número 306 da Jericho Turnpike. Fundada em 1936, a colectividade, que ocupa presentemente aquela que constitui a sua 3.ª sede social (esteve antes no 186 da First Street e no 222 da Jericho Turnpike), pretende transformar o edifício em que funciona num imóvel moderno, adaptado às exigências do século XXI.

Fachada actual do Centro Português de Mineola, NY

“Se não fosse a pandemia, possivelmente já teríamos a obra feita”, afirma o presidente da direcção do Centro, Fernando Frade, que se mantém no cargo até meados do próximo mês de Janeiro. O líder associativo, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, lembra que “este projecto começou a ganhar formas há 4 anos e tem garantido o respectivo financiamento.”

Avaliado em cerca de 2 milhões de dólares, o projecto está entregue à firma de arquitectura DiProperzio & Mallia Architects, LLP, com créditos firmados em Mineola desde 1976 e carteira de clientes a incluir a Diocese de Brooklyn, Comité Escolar da cidade de Nova Iorque, Catholic Medical Center de Brooklyn e Queens, Metropolitan Museum of Art, U.S.T.A. National Tennis Center e NY Islanders Hockey Club.

❝Se não fosse a pandemia, possivelmente já teríamos a obra feita❞

FERNANDO FRADE

⤻Presidente, Mineola Portuguese Center

Depois de, em Janeiro, passar a pasta de presidente a António Vicente, Fernando Frade deverá colaborar com a nova direcção do Centro na criação de um Comité de Obras que irá presidir. “Não faria sentido, depois de ter dado início ao projecto, afastar-me dele nesta altura crítica”, explica Frade. “Vai ser um esforço colectivo de todos nós.”

De acordo com o presidente do Centro, o projecto ultrapassou já vários dos obstáculos com que geralmente se defrontam obras desta natureza, considerando-o mesmo “semi-aprovado” pela vila. A altura do novo edifício, por exemplo – 35 pés – foi aprovada em audiência publica realizada via Zoom devido à situação de COVID-19, tal como os planos preliminares da obra. Espera palavra final, agora, das autoridades de segurança civil, o plano de combate a incêndios do edifício, a cargo do empreiteiro.

A primeira sede, na First Street (1936)

“As várias fases do projecto têm sido sucessivamente aprovadas também nas nossas Assembleias Gerais internas, pelo que as obras contam com o apoio da maioria dos associados”, nota Fernando Frade.

Quando as pás e picaretas começarem a funcionar, o objectivo será o acréscimo de um novo piso à sede, que passará a contar com dois elevadores de acesso – um de trabalho e outro para uso dos sócios. No andar cimeiro, ficará instalado o restaurante do Centro e o bar, com uma varanda virada para a Jericho Turnpike.

A entrada para o prédio passará a estar ao nível da rua, havendo depois um pequeno lance de escadas de acesso ao lóbi e elevadores.

❝As autoridades municipais têm cooperado da melhor maneira e nós até fizemos algumas mudanças aos planos iniciais para acomodar exigências feitas pelos vizinhos❞

FERNANDO FRADE

⤻Presidente, Mineola Portuguese Center

“Tudo isto tem em vista o conforto dos nossos sócios”, garante Fernando Frade. “Estamos em crer que, com todas estas valências, também vamos atrair a juventude ao Centro; sempre defendi que, com condições para isso, as novas gerações passarão também a frequentar a nossa colectividade.”

O salão nobre manter-se-á no mesmo andar, muito embora vá ser expandido e remodelado; o imóvel que alberga agora uma lavandaria alugada a terceiros vai abaixo para dar lugar à expansão do parque de estacionamento. Já a área onde agora funciona o bar-restaurante e secretaria passará a zona de arrecadação.

“As autoridades municipais têm cooperado da melhor maneira e nós até fizemos algumas mudanças aos planos iniciais para acomodar exigências feitas pelos vizinhos”, diz Frade.

O emigrante transmontano esteve os últimos 5 anos à frente do Centro e comandou o barco durante a fase mais complicada da pandemia: “Os sócios deixaram de frequentar a casa, ficámos sem os eventos que anualmente realizávamos e sem a renda da propriedade da lavandaria. O que nos manteve foi o serviço de restaurante e bar e, para tal, tivemos que criar, quando foi permitido, noites de karaoke e DJ para atrair nova clientela.”

❝O mais importante para estas agremiações é garantir clientela e manter direcções que estejam à altura de uma gestão eficaz❞

FERNANDO FRADE

⤻Presidente, Mineola Portuguese Center

Na óptica de Fernando Frade, se quiser resistir ao tempo, o movimento associativo terá de se adaptar a uma nova realidade. “O mais importante para estas agremiações é garantir clientela e manter direcções que estejam à altura de uma gestão eficaz”, aponta. “Só assim poderemos, por acréscimo, continuar também o trabalho de preservação da nossa língua e cultura.”

Para Frade, com o voluntariado apenas, já não se vai lá. “Não podemos fazer as mesmas exigências a quem trabalha de borla e, se tivermos colaboradores pagos, é mais fácil atribuir tarefas e exigir responsabilidades”.

O presidente lembra com saudade a figura do empresário Jack Maia, que o motivou a juntar-se à direcção do Centro em 1998 – onde ficou até 2002. Nessa altura, fizeram-se também as últimas grandes obras de modernização da sede na Jericho Turnpike.

Natural de Santiago do Monte, freguesia de Nogueira da Montanha, no concelho de Chaves, Fernando Frade tinha 14 anos quando, em 1969, emigrou para Jamaica, NY, com 7 irmãos e os pais.

A terminar, agradece “a todos os sócios pela oportunidade que me concederam de estar mais 5 anos à frente dos destinos do Centro, tal como a todos os seus colaboradores nos órgãos directivos.”