Chico Buarque dedica Prémio Camões a “tantos autores humilhados e ofendidos”

Chico Buarque recebeu, no Palácio Nacional de Queluz (Sintra), o diploma do Prémio Camões 2019, na presença dos chefes de Estado de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de vários membros do governo e da diplomacia dos dois países, de dezenas de convidados.

No discurso de agradecimento, emocionado, Chico Buarque lembrou o pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, de quem disse ter herdado “alguns livros e o amor pela língua portuguesa”, e que contribuiu para a sua formação política, de esquerda.

Recuando ainda mais na árvore genealógica, o músico e escritor disse que tem nas veias “sangue do açoitado e do açoitador” e antepassados ju-deus sefarditas, pelos quais disse que “um dia talvez alcance o direito à cidadania portuguesa”.

“Já morei fora do Brasil e não pretendo repetir a experiência”, disse, mas reconheceu que “tem uma porta entreaberta” em Portugal.

Sobre o Prémio Camões, Chico Buarque dedicou o galardão “a tantos autores humilhados e ofendidos, nestes anos de estupidez e obscurantismo”.