Confrontado durante audiência no Senado, Mark Zuckerberg pede desculpa a familiares de vítimas de bullying nas redes sociais

O pedido de desculpas aconteceu esta quarta-feira durante a audição dos executivos de cinco grandes empresas de redes sociais sobre alegados danos causados pelas plataformas a jovens utilizadores. A audiência tinha como objectivo “examinar e investigar a praga da exploração sexual infantil online”, de acordo com um comunicado da comissão judicial do Senado. Estavam presentes os directores-executivos Mark Zuckerberg (Meta), Linda Yaccarino (X), Shou Zi Chew (Tik-Tok), Evan Spiegel (Snap), e Jason Citron (Discord).

Durante um intenso interrogatório a Mark Zuckerberg, o senador republicano Josh Hawley perguntou ao director-executivo da Meta se ele gostaria de pedir desculpas às famílias das vítimas que estavam sentadas na audiência, muitas das quais mostravam fotografias de crianças que morreram ou foram vítimas de abusos devido àquela plataforma. Foi então que este pediu deculpas.

Nas suas declarações iniciais, Zuckerberg tinha explicado que a Meta (Facebook e Instagram) introduziu mais de 30 ferramentas de segurança nos últimos 8 anos, incluindo controlos que permitem aos pais definir limites de tempo de uso e ver quem os seus filhos estão a seguir e com quem interagem. Garantiu ainda que a Meta gastou $20 mil milhões em segurança e protecção desde 2016 e emprega cerca de 40 mil pessoas para lidar com essas questões. “Construímos tecnologias para enfrentar os piores riscos online e partilhamo-las para ajudar toda a indústria a melhorar.”

O senador Ted Cruz foi um dos que criticaram as regras da Meta, uma vez que, se os utilizadores pesquisarem no Instagram hashtags relacionadas com abuso sexual infantil, a plataforma avisa-os de que esse conteúdo pode ser ilegal mas dá-lhes a opção de clicar e vê-lo. Na mesma linha de acusação, a senadora Marsha Blackburn perguntou por que motivo o conteúdo intencionalmente predatório não viola os padrões da plataforma Meta e chamou-lhe “a maior organização de tráfico sexual do mundo”, a que Zuckerberg respondeu ser “ridículo”.

O senador Josh Hawley atacou Zuckerberg por ter dito que não há provas científicas que comprovem que as redes sociais têm impactos generalizados na saúde mental. Hawley citou uma investigação interna da Meta que mostrou que o Instagram piorou os problemas de imagem corporal para uma em cada três raparigas. Outro estudo do Facebook com adolescentes no Reino Unido e nos EUA concluiu que mais de 40% dos utilizadores do Instagram que disseram sentir-se “pouco atraentes” afirmaram que a sensação começou durante a utilização da aplicação.

Mas nas questões relacionadas com os abusos sexuais todos estiveram de acordo. “Todos nós aqui neste painel hoje, em toda a indústria de tecnologia, temos a responsabilidade solene e urgente de garantir que todos que usam as nossas plataformas estejam protegidos contra esses criminosos, tanto online quanto offline”, disse Jason Citron (Discord), na sua declaração inicial.

“Manter as crianças seguras online requer um esforço colaborativo, bem como uma ação colectiva”, disse Shou Zi Chew (TikTok). “Partilhamos a preocupação e o compromisso da comunidade em proteger os jovens online. Acolhemos com satisfação a oportunidade de trabalhar convosco na legislação para atingir esse objectivo.”