EMPRESÁRIO PORTUGUÊS PERCORRE A AMÉRICA DE MOTA – POR UMA BOA CAUSA

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Deixou dia 3 de Agosto passado a Flórida, tendo como destino final a cidade de Los Angeles, na Califórnia, a bordo de uma Harley-Davidson ‘Super Classic’, o empresário português Casimiro Gaspar, de 60 anos de idade. A longa viagem sobre duas rodas tem um objectivo principal: fazer chegar mais um donativo em dinheiro à ‘Casa do Gaiato’ de Moçambique, que acolhe crianças órfãs, e ao St. Luke’s Hospital – do grupo ‘Shriners Hospitals’, nos EUA, para menores com cancro.

“Eu estou a fazer a viagem com esse propósito e essas são as duas causas que resolvi apoiar”, diz Casimiro Gaspar, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Mas o desafio que lanço a todos é que apoiem as crianças em todo o mundo, fazendo uma viagem de mota, por exemplo, e doando um centavo por milha.”

NÃO À INDIFERENÇA

Gaspar, que nasceu na Beira, Moçambique, filho de portugueses de Castelo Branco e Curalha (Trás-os-Montes), vive nos EUA desde 1978 e é proprietário de uma empresa bem sucedida na área da assistência a atrelados e camionagem. Mas preocupa-o a indiferença para com as questões que afectam a criança em todo o planeta, sobretudo nas zonas de conflito e pobreza.

“A pandemia COVID, por exemplo, é uma coisa que nos preocupa tanto, a ponto de não saírmos de casa e usarmos máscara – o que eu compreendo, aliás, até levo comigo o colete de motard de um amigo meu que morreu de COVID e que me acompanhará em toda a viagem”, observa, “mas todos os dias, por esse mundo fora, sucumbem à má nutrição cerca de 8 mil crianças. As crianças, que não fazem mal a ninguém, nem têm cor ou credo.”

Nas publicações diárias que vai fazendo pela sua conta no Facebook, a sua mensagem é sempre a mesma: “Vamos salvar as crianças!”

O PLANO DE VIAGEM

A Harley-Davidson de Casimiro Gaspar, após a partida da região de Pam Coast, avançou para norte e fez a primeira paragem em Atlanta, na Geórgia; percorre depois a extensa região montanhosa dos estados de Carolina do Norte e Tennessee (com paragem obrigatória em Nashville), atravessa os estados de Kentucky, Illinois, Missouri, Kansas, Nebraska, Iowa e Dakota do Sul – onde ainda apanhou com o gigantesco encontro de motards em Sturgis.

“Os planos de viagem levam-me ainda a Wyoming, Colorado, Novo México e Arizona, para terminar em Los Angeles”, nota. “Ao fim de contas, deverei ter feito umas 7 mil milhas de estrada.”

A ‘CASA DO GAIATO’

O empresário não esconde a emoção ao falar sobre a ‘Casa do Gaiato’ e o papel que desenvolve em Moçambique, onde a SIDA provocou milhares de crianças órfãs, evocando também o seu fundador, o padre Américo, que iniciou o projecto ‘Obra de Rua’, hoje mais conhecido como ‘Casa do Gaiato’. A instituição particular de solidariedade social surgiu em 1940 em Penafiel com o objectivo de “acolher, educar e integrar na sociedade crianças e jovens que, por qualquer motivo, se viram privados de meio familiar normal.” O projecto depressa se espalhou pelo mundo lusófono.

“O que posso garantir é que, o que me chegar às mãos para a ‘Casa do Gaito’, será entregue à irmã Quitéria em Boane”, afirma. “Estive lá há três anos e vi de perto o fantástico trabalho que desenvolvem.”

PERIPÉCIAS DE VIAGEM

Gaspar reconhece que, através do passeio, também se tem divertido e conhecido a enorme beleza do país que adoptou como seu – “apesar das peripécias de caminho, ou seja, já caí duas vezes, queimei uma perna e perdi um telefone. E estou a fazer muita amizades. Não há um dia igual ao outro.”

Encerra com o apelo: “Vamos dar de comer às crianças aqui, em Portugal, Moçambique, China, Austrália, onde for, por esse mundo fora, tantas vezes vítimas da arrogância dos homens.”

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