Escolhido para Secretário dos Transportes comprova critério de lealdade a Trump
A nomeação de Sean Duffy para futuro secretário de Transportes dos EUA, conhecida na segunda-feira, insere-se na estratégia do Presidente eleito de reforçar a sua equipa com figuras mediáticas e de confiança pessoal.
Duffy, de 52 anos, destacou-se como comentador político e co-apresentador do programa ‘The Bottom Line’ no canal Fox Business, onde começou a colaborar em 2020, depois de ter sido congressista pelo estado do Wisconsin, entre 2011 e 2019.
Num comunicado oficial, Trump descreveu Sean Duffy como um “servidor público extraordinário e estimado”, elogiando o seu contributo enquanto congressista e a capacidade de comunicação junto da ala republicana, onde foi um dos pilares da afirmação do ‘trumpismo’ nos últimos anos.
O Presidente eleito indicou que a missão de Duffy será marcada pela aposta na “competência, competitividade e beleza”, referindo-se ao seu papel na modernização das infraestruturas norte- americanas, incluindo estradas, pontes, túneis e aeroportos.
Entre as prioridades do futuro secretário constam a supervisão de grandes projectos de infraestruturas em parceria com empresas lideradas pelo multimilionário Elon Musk, um aliado próximo de Trump e designado para o novo Departamento de Eficiência Governamental.
Duffy terá de enfrentar questões críticas na aviação, como os problemas de controlo de qualidade da construtora aeronáutica Boeing, e assegurar desafios como a transição para veículos elétricos e infraestruturas de carregamento, pilares das políticas climáticas que ganham força em ambas as alas do Congresso.
O Departamento de Transportes, criado em 1966, conta com cerca de 55 mil trabalhadores e um orçamento anual superior a 100 mil milhões de euros.
Caso a nomeação de Duffy seja confirmada pelo Senado, o antigo congressista irá suceder a Pete Buttigieg, que liderou a pasta desde Fevereiro de 2021, e a Elaine Chao, que ocupou o cargo na primeira administração Trump (2017-2021).
Durante os seus mandatos no Congresso, Duffy destacou-se como presidente do Subcomité de Supervisão e Investigações e membro do Comité de Serviços Financeiros, onde defendeu propostas alinhadas com o protecionismo comercial de Trump, incluindo um projeto de lei que pretendia ampliar os poderes presidenciais para impor tarifas (que acabou por ser rejeitado).
Após sair do Congresso, em 2019, Duffy integrou a BGR Group, uma empresa de ‘lobbying’ que representa interesses nas indústrias de transportes, defesa e tecnologia, e manteve uma presença activa na comunicação social como defensor do sector mais conservador Republicano.
Após o anúncio da sua nomeação, líderes democratas e republicanos destacaram o histórico bipartidário das políticas de transporte e manifestaram interesse em trabalhar de forma colaborativa.
“Espero manter a tradição de cooperação para desenvolver infraestruturas modernas e criar empregos, se Duffy for confirmado”, disse Rick Larsen, democrata e membro do Comité de Transportes da Câmara dos Representantes.
Entidades do sector, como a Airlines for America, que representa as maiores companhias aéreas do país, elogiaram a nomeação, destacando a assertividade política de Duffy.