EXCLUSIVO | ❝JÁ NÃO É PRECISO EMIGRAR PARA SE FAZER CARREIRA INTERNACIONAL COMO ACTOR❞
• Por HENRIQUE MANO | Nova Iorque
Considerado uma das figuras mais promissoras da cena artística portuguesa da actualidade, com uma carreira em ascensão tanto a nível nacional como internacional, o actor José Condessa está em Nova Iorque até terça-feira para participar no Festival de Cinema de Tribeca – onde se deu a estreia do seu mais novo projecto cinematográfico, “Honeyjoon” – no SVA Theater.
À margem disso, o actor lisboeta (que nasceu José Jorge Esteves Condessa a 6 de Junho de 1997 e completou ontem 28 anos) foi a estrela portuguesa do evento nova-iorquino onde esta semana se fez a apresentação da 2.ª edição da edição do Tribeca Festival Lisboa.
Tendo iniciado a sua trajectória artística no teatro amador na Academia de Santo Amaro, formou-se na Escola Profissional de Teatro de Cascais e estreou-se profissionalmente com a Companhia do Teatro Experimental de Cascais, sob a direcção do mestre Carlos Avilez.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | José Condessa no evento de apresentação da 2.ª edição anual do Tribeca Festival Lisboa em Nova Iorque
Inicia-se no pequeno ecrã em 2014, na telenovela da TVI “Jardins Proibidos, seguindo-se papéis em produções como “Santa Bárbara”, “Rainha das Flores”, “Espelho d’Água” e “Cacau”.
Dá o salto para fora em 2020, ao entrar no elenco na telenovela brasileira “Salve-se Quem Puder”, da Rede Globo.
Em 2023, protagonizou a série da Netflix “Rabo de Peixe”, que se tornou um sucesso internacional.
Faz cinema desde 2016, muito embora o seu maias recente filme – “Estranha Forma de Vida”, do realizador Pedro Almodóvar, que estreou no Festival de Cannes, seja o seu trabalho de maior projecção na Sétima Arte.
Na quinta-feira, José Condessa concedeu a seguinte entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO em Manhattan:

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | José Condessa fotografado em Nova Iorque para o jornal LUSO-AMERICANO
LUSO-AMERICANO: Hoje estás aqui no Tribeca Film Festival para a estreia de “Honeyjoon”, mas é pelo teu trabalho em “Rabo de Peixe” que te tornaste mais conhecido fora de Portugal?
JOSÉ CONDESSA: Estou muito entusiasmado com esta oportunidade de poder estar aqui, mas, sim, na verdade, a maior parte das pessoas que me conhece fora do país é por via de “Rabo de Peixe”. Acho que foi esse o primeiro boom da minha carreira e toda a gente aguarda a terceira temporada, que há-de chegar agora ainda este ano (apesar de não ter data, sei que está para breve). Mas também estou a fazer outra série em Madrid, Espanha, com a Netflix. Mas foi aquela onda perfeita para fora do país.
LUSO-AMERICANO: A internacionalização, portanto, é um dos teus objectivos de carreira. Hollywood faz parte dessa ambição?
JOSÉ CONDESSA: Imagina. Eu acho que cada vez mais a internacionalização é o objectivo de todos os actores, acredito mesmo que de todas as gerações e em todos os países. Acho que o mundo está muito aberto, as fronteiras estão muito abertas, e é possível cada vez mais tu, a partir do teu país, sem teres de emigrar, conseguires alcançar projectos noutros países. E claro que sim, Hollywood é um desses objectivos, mas também tem sido muito a oportunidade de trabalhar em Espanha e no Brasil. Trabalhar em Hollywood seria sempre um sonho, um sonho antigo, mas sempre a partir de Portugal. Claro que sim, ir para fora e voar, mas sempre voltando à casa-mãe, digamos assim.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Francisco Pedro Balsemão, Robert DeNiro, José Condessa, Jane Rosenthal e Chazz Palminteri no evento de apresentação da 2.ª edição anual do Tribeca Festival Lisboa em Nova Iorque
LUSO-AMERICANO: É fácil para ti gerir a imagem de galã com a de actor? Como se faz esse equilíbrio?
JOSÉ CONDESSA: A gestão e esse equilíbrio acontece de uma forma natural, não é pensado. Tenho a consciência de que o actor, muitas vezes, principalmente nesta fase em que faz papéis mais de protagonista ou galã, tem essa consequência positiva, no meu ponto de vista. Acaba de ser uma forma de o público mostrar um carinho por ti e pelo teu trabalho. Por isso, acho que só pode ser vista de uma forma positiva. Não consigo ver de outra forma. Mas também tenho, ao mesmo tempo, a noção que isso não me define, nem como pessoa nem como actor. Felizmente sou muito mais que isso como actor e, quando é preciso sujar-me, sou o primeiro a querer entrar nessas personagens menos bonitas, mais sujas, porque acho que essa é a essência do meu trabalho – isso é o que me fascina todos os dias.
LUSO-AMERICANO: Que referências é que tens do cinema e da televisão dos Estados Unidos?
JOSÉ CONDESSA: Não é fácil fazer uma lista agora pequenina disso. Tenho várias pessoas que eu admiro muito, por razões diferentes. Sem dúvida alguma o Sean Penn é um deles, o Daniel Day Lewis é um dos actores que eu mais idolatro por outros motivos e são pessoas que eu tenho como referência. O Viggo Mortensen, também, tem a ver com alguns filmes que me marcaram muito em certos momentos da vida e outros simplesmente que são clássicos – como o Robert DeNiro e o Al Pacino. Estás-se sempre a aprender com essa malta e é impossível esquecermo-nos deles.