Fernando Medina reconhece que processo de Alexandra Reis “obviamente não correu bem”

O ministro das Finanças reconheceu hoje que o processo de nomeação da ex-secretária de Estado do Tesouro Alexandra Reis “obviamente não correu bem” e que “gostaria que o país tivesse sido poupado a este desgaste”.

Numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças do parlamento, a propósito do caso que envolve a TAP e Alexandra Reis, feita após um requerimento do PSD, a deputada da Iniciativa Liberal Carla Castro perguntou a Fernando Medina se, com os elementos de que agora dispõe, “tem a humildade de reconhecer que alguma coisa não correu bem no processo”.

“É evidente que eu assumo que as coisas, obviamente, não correram bem com o processo de designação”, respondeu Fernando Medina.

O governante reconheceu que “não é adequado fazer-se uma indicação e uma nomeação de um membro do Governo que depois se constata, poucas semanas depois da sua nomeação, que, por circunstâncias que não eram conhecidas à data da sua proposta de nomeação, colocam em causa a sua autoridade política”.

“É evidente que, se eu pudesse ter evitado isso, teria evitado isso”, sublinhou.

Interrogando-se se, caso conhecesse o que conhece hoje, teria feito a proposta de nomeação de Alexandra Reis, Medina respondeu de seguida: “Não, não teria”.

“Mas eu não tinha essa informação à data que fiz essa proposta e a informação de que eu dispunha era uma informação não só sólida sobre o currículo, sólida sobre o desempenho (…) e sólida já não só no seu currículo mais passado, mas também no seu currículo próximo que foi junto de duas empresas do Estado”, reiterou.

O ministro das Finanças salientou que Alexandra Reis “não era uma pessoa que estivesse muito longe, distante, sobre a qual não houvesse elementos” conhecidos, reforçando que a ex-secretária de Estado do Tesouro “reunia as condições” necessárias para o cargo.

“É evidente que as coisas não correram bem, é evidente que gostaria de que o país tivesse sido poupado a este desgaste e a esta situação, que o Governo também”, reiterou Fernando Medina.

E acrescentou: “Posso só dizer que não tinha informação à data que me pudesse ter feito evitar um desfecho que, para mim, se tornou inevitável tomar essa decisão – que também não foi fácil ser tomada – que é de pedir a alguém que apresente a sua demissão poucas semanas depois de ter sido convidada para o exercício de funções”.

Nesta intervenção, Medina quis ainda “deixar claro” que a avaliação pedida à Inspeção-Geral das Finanças (IGF) é “um processo de indemnização que foi atribuída por uma empresa” a Alexandra Reis.

“Não foi auto atribuída pela própria, que isto fique claro”, vincou.