Foi de táxi
Disseram-me e quase não acreditei. O país das maravilhas continua a não saber lidar com a sáude, mesmo com todos os sorrisos de Marta Temido e o optimismo de Graça Freitas. Um paciente infectado com covid-19 acusa o Hospital de Cascais de não ter condições para receber doentes.
Um homem de 63 anos, com problemas nos pulmões, esteve mais de 18 horas sentado numa cadeira reclinável a receber oxigénio, por falta de camas. Depois de ter alta, pediu aos funcionários do hospital para lhe chamarem uma ambulância. De acordo com os media, os funcionários terão sugerido que o doente fosse de taxi, por não existirem ambulâncias disponíveis.
À SIC, a administração do Hospital de Cascais não esclarece essa informação, mas garante que o utente deixou as instalações por “iniciativa própria com plena consciência, de forma livre e esclarecida”.
O hospital acrescentou também que a partir do momento em que os utentes abandonam a unidade, o hospital “não pode responsabilizar-se pela conduta individual e actos subsequentes dos (pacientes)”. Garante também que foram cumpridos “todos os procedimentos clínicos necessários no âmbito da prestação dos cuidados de saúde no Serviço de Observação de Urgência indicado a utentes com sintomas respiratórios”.
Mas não cumpriu o dever elementar de impedir que o homem apanhasse um táxi. Não cumpriu o dever básico de evitar o contágio, tanto no táxi como noutros lugares por onde passou.
Esta saúde portuguesa anda pelas ruas da amargura. Cometemos os erros e depois não pedimos desculpa, ninguém se demite, a culpa é sempre nossa, nunca é dos outros.