LUSO-AMERICANO É CHEFE DA POLÍCIA NO MUNICÍPIO DE JAMESTOWN, EM RHODE ISLAND

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

O luso-americano Edward Mello, de 52 anos de idade, é desde 2011 o quarto chefe da polícia na história de Jamestown, no estado de Rhode Island – e possivelmente o segundo de origem portuguesa, acreditando-se que James G. Pementell, que ocupou o cargo de 1974 a 1992, também o seja (o apelido ‘Pimentel’ terá siso adulterado, como muitas vezes sucede).

O município, hoje com cerca de seis mil habitantes, estabeleceu o seu próprio departamento policial em 1958 – muito embora já contasse com ‘constables’ desde 1875, uma espécie de agentes da lei e da ordem nomeados pelo conselho municipal. O chefe Mello tem presentemente sob sua alçada 14 agentes e quatro funcionários civis.

Jamestown, no condado de Newport, tem grande parte da sua área geográfica na ilha de Conanicut, na baía de Narragansett, e está no 444.º lugar entre os locais mais abastados para se viver na América.

 

Edward Mello é primeira geração luso-descendente nascida na América; o pai veio jovem dos Açores com entrada nos Estados Unidos por New Bedford, MA. O facto de ter morrido quando o filho tinha apenas 13 anos, roubou a Edward uma infância e adolescência mais ligadas à terra de origem. Ainda assim, guarda memórias do pai… “Lembro-me de bem pequeno irmos a Stonington, uma região piscatória, onde estava a comunidade portuguesa local e onde ainda hoje se faz a bênção da frota”, diz o chefe Edward Mello, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO.

Edward nasceu em Westerly, RI; aos 14 anos já ajudava os bombeiros do município como voluntário. Mas foi um vizinho polícia “que muitas vezes ia fazendo o papel de pai” quem exerceu maior influência sobre si, no que à escolha de carreira diz respeito – “quase que de forma inconsciente, embora agora me dê conta de quão importante foi para mim. Por outro lado, também me lembro de muito pequeno ter ido a New Bedford com o meu pai e ter presenciado a forma como a polícia intercedeu num caso de atropelamento que testemunhámos numa rua da cidade. A forma como intervieram e como demonstraram a sua autoridade, marcou-me profundamente”.

Aos 18 anos tornou-se polícia em regime part-time em Westerly, para dois anos depois – com formação obtida na Rhode Island Municipal Police Academy, passar a agente a tempo inteiro. Os próximos 23 anos seriam de dedicação à causa, sendo os últimos 7 como chefe da polícia.

“A uma certa altura decidi que era tempo de mudança para mim”, conta o chefe Mello. “Tinha-me entretanto casado e tido um filho quando surgiu a oportunidade de ser chefe em Jamestown, uma espécie de segunda carreira, e decidi aceitar”.

“Ironicamente”, nota, iria parar a outra localidade com forte presença portuguesa (apenas na força policial conta com mais dois luso-americanos, o agente James Chaves e o despachante David Bento). “Aqui as pessoas reconhecem rapidamente o meu apelido e identificam-me de imediato como sendo português”.

Mello nunca foi à terra das origens, mas diz querer levar lá o filho – agora com 9 anos – numa altura em que “possa apreciar a viagem e compreender o seu significado, e, se calhar, conhecer alguns familiares distantes…”.

O chefe Edward Mello reconhece que nem sempre o trabalho da polícia é inteiramente compreendido. “Não somos penas agentes que prendemos pessoas”, refere. “Grande parte do nosso trabalho passa mesmo por ajudar os outros, por contribuir para uma comunidade mais segura. A melhor maneira de perceber isso, é quando se é um de nós”.