LUSO-DESCENDENTE CHEFIA DIVISÃO DE MÉDICOS HOSPITALISTAS NO CLARA MAASS MEDICAL CENTER
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Quando terminou o ensino secundário no Queen of Peace High School, em North Arlington, New Jersey, sobravam ao luso-americano Jimmy Martins Paulo poucas dúvidas sobre a carreira profissional que iria abraçar. “Foi o meu pediatra, o Dr. Ricardo Ferraz, quem primeiro me influenciou na escolha de profissão”, conta o hoje médico hospitalista, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Entretanto, iria conhecer outras pessoas que seriam fundamentais na solidificação da opção final em seguir medicina – nomeadamente o Dr. Joaquim Correia, cardiologista, que, tanto no início como o longo de todos estes anos, tem sido um apoio inquebrável, para além de amigo.”
Jimmy Paulo nasceu em Livingston, NJ, em 1972. Os pais, Adérito e Maria Licínia Paulo, trocaram a freguesia de Camarneira, do município de Cantanhede (distrito de Coimbra) pela vida na América, radicando-se inicialmente no Ironbound, “onde cresci e fui técnico socorrista na Ironbound Ambulance Squad”, diz.
Após ter passado pela Kean University e pela Faculdade de Medicina da Ross University, em 2003 Jimmy Paulo faz a sua residência médica na UMDNJ-New Jersey Medical School, passando ainda pelo Hackensack Medical Center. É, contudo, no Union Hospital, do grupo RWJ Barnabas Health, que começa carreira, transferindo-se um ano depois, em 2007, para o Clara Maass Medical Center [www.barnabashealth.org/Clara-Maass-Medical-Center.aspx], a cujo quadro médico ainda pertence.
🌐MAIS DE 15 ANOS DE EXPERIÊNCIA COMO HOSPITALISTA
Hoje acumula mais de 15 anos de experiência como médico hospitalista, cujo principal foco são os doentes internados. “Na maioria das vezes são pacientes clínicos de áreas como cardiologia, pulmonar, renal, gastrointestinal e por aí”, pormenoriza Paulo. “A medicina, em geral, é uma carreira muito gratificante. Há uma profunda satisfação em cuidar dos outros e, sobretudo, curar quem está doente. Só gostava que houvessem mais luso-americanos a exercer esta carreira, ainda somos escassos. Mais a mais, é um campo onde não faltam oportunidades de trabalho.”
O profissional é a prova viva de que há caminho a fazer na medicina; afinal, hoje chefia a divisão de médicos hospitalistas (e são 12) num dos hospitais do maior grupo integrado de prestação de cuidados de saúde em New Jersey.
E trabalho foi o que não faltou ao Dr. Jimmy Paulo durante o pico da pandemia COVID-19, período em que esteve sempre no activo. “Lembro-me que o nosso primeiro caso positivo aconteceu a 13 de Março, naquela semana em que o país e o mundo fecharam”, relembra. “Estive na equipa de médicos que deu assistência às nossas enfermarias COVID e lidei de perto com a situação na altura em que pouco se sabia sobre o comportamento do vírus ou como tratar os infectados.”
Depois de ele próprio ter recuperado da doença, o hospitalista tornou-se um dos primeiros dadores de plasma convalescente no Clara Maass, fundamental para ajudar a tratar portadores do vírus.
🌐FALAR PORTUGUÊS: UMA MAIS-VALIA EM NEW JERSEY
O médico sabe que o saber não ocupa lugar e quantos mais idiomas dominar, melhor servirá os seus doentes. Para além do português, que aprimorou nos 8 anos de escolaridade que recebeu na ‘Luís de Camões’ do Sport Club Português de Newark (e que também escreve e lê), fala ainda espanhol.
“O saber falar português”, sublinha, “representa para mim, como médico, uma grande mais-valia, sobretudo em New Jersey. Nos cuidados de saúde, a comunicação é fundamental. Se um doente se puder expressar na sua língua materna e ser entendido pelo médico, estará muito mais à-vontade para explicar sintomas e abrir-se em relação ao que sente.”
O Dr. Jimmy Paulo foi o primeiro membro da sua família imediata a obter um canudo. “Acho que dei motivos de orgulho aos meus pais, que, por seu lado, ao me terem enviado para a escola portuguesa, também me deram as bases para aquilo que hoje sou. Ao falar português também aprendi com mais facilidade o espanhol e tudo isso contribuiu para que fosse avançando na carreira.”
O irmão Eddie, faz questão de dizer, está no campo do serviço púbico e pertence ao Newark Fire Department.
🌐NÃO ADIAR A IDA AO MÉDICO E/OU HOSPITAL
O profissional de saúde quer ainda tocar numa ferida aberta: o receio em ir ao hospital em tempo de pandemia. “Nós temos o Clara Maass aberto, funcional e preparado da melhor forma para acolher tanto doentes COVID, como todos os outros”, diz. “Contamos não só com uma equipa altamente competente, como instituímos regras de atendimento que evitam o contacto entre os portadores de COVID e os restantes doentes. As visitas também são controladas e obedecem às directrizes do Centro de Controlo de Doenças.”
O médico luso-americano não se cansa de sublinhar a importância de não se adiar o tratamento de outras condições médicas e patologias à parte da COVID, “seja uma cirurgia ao joelho, uma mamografia, uma colonoscopia, o que quer que seja, não atrasem mais a ida ao médico ou ao hospital. Se sentir um aperto no peito, por exemplo, ou outro sintoma de ataque cardíaco, não fique em casa – as consequências podem ser bem piores.”
Finaliza disponibilizando-se para ajudar luso-americanos ou portugueses que estejam a seguir Medicina e que e breve tenho de enfrentar o mundo real. “Tal como também a mim houve quem me desse a mão, estou disponível a fazer o mesmo por outros”, garante.
🌐O CLARA MAASS MEDICAL CENTER
• Fundado em 1868 como Newark German Hospital, localiza-se em Belleville, no condado de Essex (New Jersey).
•Passou a Clara Maass em 1952, como homenagem a uma enfermeira que chegou a chefe da secção e que viria a falecer em 1901 vítima de febre amarela.
• Em 1956 ocupa um novo edifício junto ao Branch Brook Park, a que entretanto se juntaram outras modernas unidades.
• O hospital tem 342 camas e 1 600 funcionários, de entre eles mais de 500 médicos.
• Faz parte do RWJBarnabas Health, o mais abrangente grupo médico no estado de New Jersey, com 11 hospitais de cuidados agudos; o RWJBarnabas Health é o maior sistema integrado de prestação de cuidados de saúde do ‘Estado Jardim’, servindo mais de 5 milhões de doentes por ano, e é o maior empregador privado do Estado, com mais de 33 000 funcionários.