O detective e ‘State Trooper’ Steve da Silva Soares faz investigação criminal para a ‘State Police’

O luso-americano Steve da Silva Soares, de 44 anos de idade, é um dos 857 ‘troopers’ ao serviço da Polícia Estadual (‘State Police’) de Connecticut, um organismo de elite no sector da lei e da ordem – afecto à Troop H, em Hartford, CT. Com sede em Middletown e ramificações por todo o ‘Estado Constituição’, a ‘State Police’ de Connecticut foi criada para garantir a segurança do governador do estado e sua família, dos edifícios governamentais e de todos os aspectos policiais cuja jurisdição foge aos departamentos locais.

Steve da Silva Soares nasceu na cidade de Waterbury, CT; os pais, José Pereira Soares e Fernanda da Silva Soares, são naturais da cidade de Santa Maria da Feira, pertencente à zona metropolitana do Porto, no norte do país. “Conheceram-se em Portugal e lá casaram, emigrando depois para a América à procura de uma vida melhor”, afirma o detective Steve da Silva Soares, na entrevista que concedeu ao jornal LUSO- AMERICANO.

A trajectória deste ‘State Trooper’ tem os contornos normalmente ligados às famílias de imigrantes. Com tenra idade foi viver para Portugal para depois, aos 3 anos e picos, “regressar à América para começar a escola”, narra. “Quando fui para as aulas, só sabia falar português. Aliás, português foi sempre o que se falou em nossa casa”.

Soares faz uma pausa e acrescenta, em perfeito idioma camoniano: “Tenho muito orgulho nas minhas raízes”.

O ‘state trooper’ começou o liceu numa escola católica em Waterbury, CT, a ‘Holy Cross’, mas a mudança da família para a vizinha Naugatuck obriga-o a terminá-lo no Naugatuck High School. “Quando acabei a escola secundária não pensava na carreira policial e não sabia bem o que queria fazer”, diz. “Tornei-me vendedor de carros, limpei piscinas e cortei relva até que, por influência de um vizinho, decidi tornar-me guarda prisional”.

Em Agosto de 2001, após passados os exames de admissão, entra para o sistema prisional do estado de Connecticut como guarda, afecto ao Hart- ford Community Correctional Center. Três anos depois, resolve mudar para a ‘State Police’; em Outubro de 2004 é admitido na Academia de formação da Polícia Estadual e, aos 27 anos, já estava em funções de patrulha, na Troop A em Bethany.

É por sugestão de um amigo da família, o ex- detective Tony Fragoso (casado com a antiga vereadora Mindy Fragoso, de Naugatuck), que arrisca a passagem aos corredores da investigação policial. E passa, em Maio de 2013, a detective, ainda na Troop A. “Comecei por fazer trabalho de campo em cenas de crime, recolhendo evidências e produzindo material fotográfico e de vídeo para suporte de investigação”, descreve, “actividade que implicava também lidar com cadáveres, vítimas de crimes”.

Dois anos depois, é transferido para a Troop H, em Hartford, a capital, onde a natureza do seu trabalho de investigação criminal sofre alterações. “Aqui lidamos mais com casos ligados a edifícios federais e estaduais, com a segurança do governador e com crimes mais sérios, alguns passados em prisões”, afirma. “São investigações elaboradas que requerem tempo e dedicação. Aliás, posso ser chamado a qualquer hora do dia e da noite para estar no local do crime”.

O detective Soares, por exemplo, participou na investigação de um dos casos criminais mais mediáticos nos últimos tempos em Connecticut, que granjeou atenção nacional, aquele que envolveu o empresário Fotis Dulus, acusado da morte da mulher. “Demos assistência à Procuradoria Pública nesse caso, a nível investigativo”, sublinha.

Steve da Silva Soares acredita que vai encerrar a sua carreira como detective, “o que para mim é uma honra”. E lembra que o facto de saber expressar-se em português “teve um peso positivo importante no meu trabalho; sou mesmo chamado não raras vezes a servir de intérprete durante o exercício das minhas actividades”.

O detective termina dizendo que aconselha qualquer luso-americano interessado em fazer carreira na lei e na ordem a seguir o caminho da polícia.