O MUNICÍPIO DE NEW JERSEY ONDE SÃO LUSO-AMERICANOS O ‘MAYOR’ E A VICE-‘MAYOR’

Por HENRIQUE MANO | News Editor

Desde 1 de Janeiro deste ano que o município de Union, em New Jersey, é gerido por uma dupla luso-americana: o presidente da câmara Manuel Figueiredo e a vice-presidente Suzette Cavadas. Muito embora estes vereadores tenham já ocupado ambos o cargo de ‘mayor’, é a primeira vez que, em simultâneo, desempenham aquelas funções. Não há, igualmente, registo de qualquer outra municipalidade no ‘Estado Jardim’ que tivesse tido dois luso-americanos naquelas funções, ao mesmo tempo.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O presidente da câmara de Union, NJ Manuel Figueiredo na sala do conselho municipal

Figueiredo e Cavadas são, ainda, os primeiros luso-eleitos em Union, marcando uma viragem importante naquele município de abertura política à comunidade portuguesa, que está hoje bem estabelecida na região, devendo constituir “cerca de 8% da população”, arrisca Suzette Cavadas, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO.

É o conselho municipal, constituído por cinco vereadores, que decide em voto interno quem assume aqueles cargos de chefia; e, embora o cargo de vereador seja de 3 anos, o de ‘mayor’ e ‘vice-mayor’ (de 2013 a esta parte) é de dois.

O ‘mayor’ Figueiredo nasceu em Newark, filho de emigrantes da Guarda (Beira Alta). O pai teve o 3.º restaurante português aberto no Ironbound, a seguir ao ‘Ibéria’ e ao ‘Roque & Rebelo’, e também baptizou o ’Sagres’, em 1967.

Figueiredo formou-se pela então Kean College e deu aulas de matemática durante 25 anos no ensino básico, ao mesmo tempo que fazia carreira paralela como músico (chegou a integrar a banda de Orlando Pinho).

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A vice-presidente da câmara de Union, NJ Suzette Cavadas na sala do conselho municipal

A sua primeira ‘aventura’ política levou-o ao Comité Escolar de Union; há 13 anos, atirou-se ao lugar de vereador, sempre pelo partido democrata, onde ainda se mantém.

Newark também viu nascer Suzette Cavadas, com origens na zona de Cantanhede; do pai, diz ter herdado “o espírito de activista. Lembro-me que, na altura do movimento popular contra o incinerador no Ironbound, me levava com ele às reuniões na câmara. Depressa descobri que haveria, um dia, de abraçar a política.”

Na Kean College, tira ciências políticas e criminologia e em Delaware obtém o canudo em Direito, abrindo escritório próprio de advogada em Newark em 2000, que aliás mantém aberto.

Há 11 anos, e em fase final de gestação, concorreu a vereadora em Union e foi eleita. Em 2017-18 cumpriria o seu primeiro mandato de ‘mayor’.

Union, no condado do mesmo nome, já supera os 60 mil habitantes e conta com orçamento acima dos $100 milhões para se gerir. A presença portuguesa é hoje muito acentuada – “a maior parte das pessoas vem das comunidades de Elizabeth e Newark”, afirma o ‘mayor’ Figueiredo – devendo rondar as quatro mil pessoas. Para além da PACA (Portuguese-American Cultural Association), os luso-residentes contam ainda com uma escola do ensino do português e com um rancho agregado a esta.

Bem estabelecida, a presença portuguesa contribui para o progresso de Union com uma mão-cheia de profissionais liberais e várias empresas e estabelecimentos comerciais.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Desde 1 de Janeiro deste ano que o município de Union, em New Jersey, é gerido por uma dupla luso-americana: o presidente da câmara Manuel Figueiredo e a vice-presidente Suzette Cavadas. Muito embora estes vereadores tenham já ocupado ambos o cargo de ‘mayor’, é a primeira vez que, em simultâneo, desempenham aquelas funções. Não há, igualmente, registo de qualquer outra municipalidade no ‘Estado Jardim’ que tivesse tido dois luso-americanos naquelas funções, ao mesmo tempo

A advogada diz dever ao exemplo do pai a entrada para o serviço público, onde espera “fazer o bem pela comunidade e melhorar a vida das pessoas.” O ‘mayor’ Figueiredo considera ainda “muito importante que pessoas como nós sejam eleitas, por forma a podermos representar os portugueses junto dos órgãos decisórios que afectam a vida de todos nós. É bom que, com a nossa experiência de americanos de primeira geração, possamos juntar a nossa voz a esse processo, emprestando-lhe a nossa perspectiva de vida.”

Quanto a ambições políticas… Ficar-se-ão por aqui? Manuel Figueiredo confessa preferir este “nível de governação, onde estamos mais perto das pessoas e sentimos o efeito directo das medidas que tomamos – para bem ou para mal.” Já Suzette Cavadas diz que, depois de ter criado os dois filhos menores, talvez avance para outros voos políticos. “É que, para além de ser mãe e advogada, também dou aulas de catequese e sou treinadora de futebol”.