O simulacro
Ler o Augusto Moita de Deus é passar os olhos pela vida, pelo realismo, pela verdade. Observem bem o que é escrever bem, com a verdade à tona
de água e as vírgulas e pontos a fazer-nos reflectir. “Concorde-se ou não com as medidas de confinamento que foram tomadas, é inegável que um dos seus méritos que tem sido pouco salientado é o seguinte: tais medidas foram um simulacro para uma pandemia de maior letalidade. É possível parar tudo ou quase tudo? Ficou demonstrado que sim. Perdeu-se tempo precioso (visto nas dúvidas iniciais a nível de cuidados intensivos, na escassez de equipamentos de protecção, num certo adiamento das medidas de confinamento)? Sem dúvida. Foram aplicadas medidas exageradas que afectaram desnecessariamente pessoas e empresas, em que o uso de máscaras e distância teria permitido lidar com a situação? Certamente que sim e há que aprender com esta experiência, especialmente perante a quase inevitável segunda vaga. Mas tudo isto ocorre com uma doença (ainda pouco compreendida mas) não tão letal como outras infecções.
Não se pretende minimizar a letalidade deste coronavirus (maior que a gripe; e nem estou a minimizar a letalidade da própria gripe, que percebemos agora que nor- malmente até é menosprezada). Só estou a dizer que no universo das possíveis pandemias, há pior. E portanto é positivo estarmos preparados.
Fomos treinados pelo simulacro-Covid-19. Mas e se a tal pandemia pior não acontecer? É fácil responder. Se nunca ocorrer esse cenário pior, melhor.”
O Augusto avisa-nos para outros vírus, outras doenças que podem estar a caminho das nossas vidas e frisa que nós somos os responsáveis pela desgraça. Isso já se viu.