OS RADICAIS

Por LUIS PIRES

Há um emigrante português que foi assassinado por um terrorista na
Suíça. Mais precisamente foi esfaqueado enquanto jantava por um homem que gritava “Al Akbar – Alá é Grande”. O assassino de nacionalidade turco-suíça foi detido. Como acontece com os inúmeros autores destes actos já estava referenciado pelos serviços secretos pela sua participação em actos violentos e, como não, sofria de perturbações psicológicas.

Em Portugal aguarda-se a opinião dos activistas do costume para saber se é aceitável indignarmo-nos ou não. Por exemplo, o PR já contactou a família? O MNE já saiu do coma em que entrou por causa do corredor aéreo britânico? O PM já se pronunciou?… Uns são filhos outros enteados.

Escusam de vir dizer que o caso ainda está em investigação e é precoce escrever que se tratou de terrorismo. Não, não é precoce. Vivemos há meses em ondas de indignações selectivas com mortes nos EUA, ondas essas que começam ainda o corpo do morto está no chão e já os jornais do mundo publicam os rostos, a biografia e a motivação dos autores dessas mortes. Por outro lado o destino invariável destes casos de esfaqueamentos na Europa é este: alguém mata ou fere; em seguida surge a tese do perturbado a mais das vezes com Alá mas não exclusivamente, por fim quando se sabe da motivação terrorista e/ou racista o caso já não está nas notícias.
A informação anda às avessas por esse mundo e na verdade já ninguém sabe o que é ética ou sentido profissional. Também quem lê anda às avessas com as notícias. Uns querem ver sangue, outros não. Vamos lá compreender esta gente…