PORTUGUÊS É SARGENTO DA POLÍCIA NA 2.ª MAIOR CIDADE DO ESTADO DE CONNECTICUT

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

É português e nasceu em Lisboa um dos sargentos ao serviço da Polícia de New Haven, a segunda maior cidade do estado norte-americano de Connecticut, a englobar uma cintura urbana com mais de 800 mil habitantes. Carlos Conceição, que já foi detective e integra também a unidade especializada da polícia de choque e intervenção em New Haven (conhecida pela sigla em inglês SWAT), tornou-se agente aos 28 anos de idade, trocando a carreira de electricista pela manutenção da lei e da ordem.

“Na verdade, nunca tinha pensado em seguir esta carreira”, conta Carlos Conceição, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Foi por influência de um amigo também português, o Ilídio Pereira, que é polícia em Bridgeport, que acabei por ponderar nisso. Ouvia histórias de como a polícia luta diariamente contra o crime, tornando mais seguras as nossas cidades. Depois percebi que, aliado a isso, também se ganha estabilidade profissional e se tem acesso a várias regalias”.

A escolha da segunda ocupação parece ter sido acertada. De 2008 a esta parte, o português tem visto a sua carreira em constante ascensão. Começou a fazer patrulha num bairro problemático de New Haven, já integrou uma unidade de combate às drogas onde actuava à paisana, em 2012 entrou para o selecto grupo de elite SWAT, já se envolveu em operações de retirada de armas das ruas, foi designado agente responsável pela formação no terreno dos cadetes que saem da academia, colaborou com a ‘State Police’ em acções de combate à venda de narcóticos, passou pela actividade de detective e chegou a sargento, há dois anos, afecto à coordenação dos polícias que patrulham New Haven.

O trajecto tem sido feito com o português a elevar bem alto a cabeça e a granjear respeito – senão veja-se o eco de algumas das suas acções na imprensa americana [https://www.newhavenindependent.org/index.php/archives/entry/carlos_conceiacao_cop_of_week/; https://archive.caller.com/news/behind-broken-doors/new-haven-polices-approach-aids-children-of-violence-2ae9635e-75ce-2be8-e053-0100007fea65-370298621.html/].

❝QUANDO FALO COM OS MEUS AGENTES, PEÇO-LHES SEMPRE QUE VENHAM PARA O TRABALHO COM UMA ATITUDE POSITIVA❞

➔Carlos Conceição, sargento

New Haven Police Department

Carlos Fernando Faria da Conceição nasceu a 6 de Junho de 1980 e é alfacinha; a mãe, Maria Fernandes, vive em Portugal, e o pai, João da Conceição, em Connecticut. Carlos tinha 10 anos quando a família emigrou para Bridgeport, em 1990, onde acabaria os estudos e faria um curso de electricista numa escola vocacional. Quando, aos 28, entrou para a polícia, já trabalhava há cerca de uma década nesse ramo.

“Vivemos tempos complicados para quem é polícia”, afirma o sargento. “Quando falo com os meus agentes, peço-lhes sempre que venham para o trabalho com uma atitude positiva, de mente aberta, para que, no final do dia, possamos todos voltar para as nossas famílias são e salvos – isso é o que mais importa.”

A Polícia de New Haven compreende cerca de quatro centenas de agentes. O índice de criminalidade na região “não facilita o nosso trabalho, mas, apesar de todos os seus problemas, New Haven é uma bela cidade com muito potencial” – sublinha o sargento, que está casado com uma detective também ao serviço do mesmo departamento, Elizabeth White, mãe dos seus dois filhos menores. “Sou agente em New Haven com muito orgulho e assumo essa tarefa com todas as responsabilidades que lhe são inerentes. É-me muito gratificante saber que, junto da comunidade que sirvo, tenho ajudado naquilo que posso, desde crianças a moradores de todas as faixas etárias”.

❝NÃO HÁ NINGUÉM AQUI NO EDIFÍCIO DA POLÍCIA DE NEW HAVEN QUE NÃO SAIBA QUE SOU PORTUGUÊS❞

➔Carlos Conceição, sargento

New Haven Police Department

O ir trabalhar de farda, nos dias que correm, não é tarefa fácil. O sargento aponta o dedo à imprensa, que diz contribuir “para uma certa imagem menos positiva da polícia junto do público; nós não somos robots e temos que tomar decisões por vezes em questão de segundos. Também temos famílias a quem queremos proporcionar uma vida segura e próspera. No fundo, estamos todos juntos nisto.”

Sobre o sangue que lhe corre nas veias, diz, peremptório: “Tenho muito orgulho em ser português e imigrante. Não há ninguém aqui no edifício da Polícia de New Haven que não saiba disso; quando as pessoas me têm de procurar na polícia, digo mesmo para perguntarem pelo ‘Carlos português’. Tenho tanto orgulho nisso! É o que me faz avançar, ter uma atitude positiva perante tudo – o país de onde venho”.

A emoção cresce quando regressa a Portugal (já lá levou a mulher americana quatro vezes…). “Quando o avião começa a aproximação à terra e vejo aquela linha costeira da Caparica a Sesimbra, até me vêm as lágrimas aos olhos”, revela. “À excepção dos meus filhos, não há nada de que tenha mais orgulho na vida”.