Português produz em New Jersey porco preto e presunto “Pata Negra”
Rodrigo Duarte tem 34 anos de idade e veio para os Estados Unidos em 2003. Trazia na bagagem um curso da Escola Nacional de Hotelaria e 10 anos de experiência a cortar carnes. Começou a fazê-lo muito novo e não lhe foi difícil arranjar emprego no talho do famoso “Kings” em Summit, NJ.
Quis o destino que abrisse o seu próprio negócio e estabeleceu-se na Pacific Street, em Newark numa loja a que deu o nome de “Caseiro e Bom.” Foi várias vezes à Feira do Fumeiro em Vinhais e especializou-se em enchidos. O porco foi, desde sempre o animal da sua preferência, de que se aproveita tudo, mas que possui vários padrões de sabor e qualidade, dai a investigação, os ensaios e o sucesso. Em Portugal fez um acordo com um laboratório e começou a importar o esperma do porco preto procedendo posteriormente à inseminação das porcas numa quinta em Warren onde possui cerca de uma centena de porcos pretos, resultado do seu trabalho. “Conto ter mais de três mil até 2017,” afirma Rodrigo Duarte esperançado num projecto cujos resultados não são rápidos. “Um presunto demora cerca de três anos a produzir. Ano e meio para crescer o porco e dois a três anos para o curar,” diz. Mas vale a pena. Um presunto pata negra pode custar entre dois e cinco mil dólares e um presunto de porco ibérico cerca de 400 e 500 dólares. “Os animais são alimentados a bolota, castanha, verduras, milho e bagaço de azeitona, alguns destes produtos importados de Portugal e ainda tem outros segredos pelo meio para lhes dar a qualidade que pretendemos,” diz Rodrigo.
O porco preto é proveniente do cruzamento do javali com o porco do Líbano, daí o seu sabor ser mais intenso quando cozinhado ou curado, para quem ainda não experimentou sugerimos um simples chouriço de porco preto, que não custa mais de 7 ou 8 dólares e que é uma boa experiência gastronómica.
Quanto à carne de porco preto, é muito mais cara do que a carne de porco normal, mas “é uma coisa dos Deuses” diz Rodrigo apostado num projecto inédito entre portugueses e absolutamente único nos Estados Unidos. “O Pata Negra é sem dúvida o melhor presento do mundo e como a sua importação de Portugal é proibida, só temos um caminho, que é a sua produção nos Estados Unidos. Como disse, é um investimento a longo prazo mas muito rentável porque o circuito de abastecimento visa sobretudo os supermercados “gourmet” e alguns restaurantes topo de gama.” Rodrigo prossegue o seu sonho na companhia da mulher Maria e d filho, Márco de 9 meses.