PRESIDENCIAIS 2026: Gouveia e Melo disse que o tentaram afastar

Henrique Gouveia e Melo revelou, domingo, que lhe foi dada a oportunidade de atingir o topo da carreira militar, no final do seu mandato como chefe do Estado-Maior da Armada, com o objectivo de travar a sua candidatura a Presidente da República.

Esta convicção é manifestada no livro “Henrique Gouveia e Melo – Um Retrato Biográfico”, da autoria do jornalista e director do Polígrafo, Gustavo Sampaio, editado pela “Manuscrito” (Editorial Presença), que irá hoje para as livrarias.

Segundo o relato do autor, além da recondução como chefe do Estado-Maior da Armada, foi também proposto ao almirante o cargo de chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, sempre com o objectivo de travar a sua candidatura a Belém.

“Acha que o pretendiam colocar nesse posto para o afastar da corrida ao Palácio de Belém?”, pergunta Gustavo Sampaio, ao que Gouveia e Melo responde: “Tenho quase a certeza absoluta disso. Por isso é que eu achei que as razões não eram as melhores e, portanto, abandonei logo essa ideia”.

O almirante que chefiou a Armada e foi responsável pelo processo de vacinação da covid-19 não poupa nas palavras para justificar a recusa da sugestão que lhe terá sido feita.

“Quem me conhece sabe que, quando me empurram, eu me torno mais rijo […] É uma característica da minha personalidade. Portanto, quanto mais me queriam empurrar para um determinado sítio – e por motivos errados – de uma luta intestina política e não porque quisessem verdadeiramente que eu mudasse as Forças Armadas ou as ajudasse a progredir -, isso incentivou-me ainda mais a tomar outra decisão”, esclarece, embora sem indicar a quem se está referir.

Henrique Gouveia e Melo afirma que, agora, pretende contribuir para “a melhoria e reforço do sistema político” porque “este sistema político tem coisas apodrecidas”.

No livro, de 206 páginas, o autor cita uma notícia do semanário Expresso de 27 de Setembro de 2024, intitulada “Presidente aposta na recondução do almirante à frente da Armada”, em que se lia que Marcelo Rebelo de Sousa estaria disposto a “fazer tudo o que estiver ao seu alcance” para evitar que o militar fosse candidato.