PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO CLUBE PORTUGUÊS DE HARTFORD, CT EM 95 ANOS DE HISTÓRIA TOMA POSSE DIA 16

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Toma posse dia 16 de Janeiro, domingo próximo, do cargo de presidente do Clube Português de Hartford, no estado de Connecticut, a luso-descendente Carla Batista Juvencio, de 46 anos de idade. A cerimónia tem lugar durante a Assembleia Geral da colectividade, que deverá acontecer em sistema híbrido – à distância e de forma presencial. Juvencio substitui assim Alberto Costa, tornando-se na primeira mulher a ocupar o cargo nos 95 anos de existência da agremiação.

A histórica eleição de Carla Batista Juvencio decorreu no passado dia 5 de Dezembro, quando, em Assembleia Geral, à frente da lista ‘Amigos do Clube’, concorreu tendo como oponente a ainda vice-presidente Ana Paula Oliveira – da lista ‘União dos Sócios’.

“Para mim é uma honra extraordinária assumir a presidência”, afirma Carla Batista Juvencio, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, “só gostava que o meu pai, que deu tanto pelo clube, estivesse cá para viver este momento. Desde pequena que frequentava o clube com a minha família e tenho como meta, com a ajuda de todos, voltar a fazer dele um ponto de encontro da comunidade, adiantando desde já que serei uma voz para todos os membros.”

A futura presidente nasceu em Hartford, CT, filha de emigrantes de Batalha, distrito de Leiria, e viveu dos 16 aos 20 anos em Portugal; após regressar aos EUA, onde trabalhou na Trinity College, volta a Portugal para se casar e aí ter o seu primeiro filho. Quando, em 2003, se volta a fixar em Connecticut, regressa à Trinity College e, anos depois, abre com o marido um escritório de imobiliária, que ainda mantém.

É quando se aprova, em Assembleia Geral no verão de 2021, a compra de uma propriedade em New Britain para onde seria transferida a sede da colectividade, que Carla Batista Juvencio volta a envolver-se no associativismo, um caminho que já no passado abraçara: para além de catequista na Igreja N.ª Sr.ª de Fátima, fez parte durante 5 anos da comissão organizadora dos festejos do 10 de Junho em Hartford e da respectiva parada.

(Fundado em 1927, o clube tem a sua sede social de Newington encerrada desde 17 de Dezembro de 2017, após um incêndio ocorrido a dias do Natal).

Criou-se então o movimento ‘Amigos do Clube’, com o objectivo primordial de manter o clube na sua sede em Newington.

Gera-se seguidamente uma onda de apoio em redor do movimento, com um grupo de empresários da área da construção civil a comprometer-se com cerca de 115 mil dólares em doações para as obras de renovação da sede em Newington e um abaixo assinado com cerca de 100 nomes enviado à mesa da Assembleia Geral, pedindo o fim da compra em New Britain. “Também conseguimos recrutar cerca de 40 novos sócios.”

Na Assembleia Geral solicitada pelo movimento ‘Amigos do Clube’, a 25 de Julho, a direcção informa os associados que estava cancelada a compra do imóvel em New Britain, por contaminação de solos. Meses mais tarde, o ‘Amigos do Clube’ (criado por Carla Batista Juvencio, Rui Silva, Dan Moura, Dan Gaspar, Victor Cruz, Ângelo Alves, Carlos Mouta e Victor Serrambana) apresenta lista candidata à direcção, encabeçada por Juvencio, e, a 5 de Dezembro, vence o escrutínio por 3 votos, num plenário histórico com mais de 400 sócios.

“Para nós, a sede em Newington é a casa da comunidade”, afirma a presidente-eleita. “Quantas gerações criaram aqui memórias, quanto amor e carinho está entre as suas paredes. O sacrifício de tantos sócios, ao longo de décadas. Vamos ter de modernizar esta sede, mas tenho a certeza que voltaremos a ser felizes aqui, a caminho do centenário.”

Carla Batista Juvencio diz que urge começar de imediato as obras, estando já em contacto com as autoridades locais para a obtenção dos respectivos alvarás. “Uma das prioridades é a reparação do telhado, para evitar infiltrações de água, e das janelas”, observa. “Por outro lado, queremos reduzir ao máximo os custos das obras, sem comprometer a segurança do edifício.”

Parte do projecto passa por reconstruir a área superior da sede e abri-la aos sócios, enquanto se fazem as obras na zona inferior, “desta forma garantiremos a entrada de recursos para manter o clube.”

Diz a presidente-eleita: “Para mim, o clube, esta comunidade, são como uma família. Há pessoas que se afastam da família e estão ausentes por algum tempo, mas não deixam de se preocupar com ela. E, como em qualquer família, nem todos partilhamos das mesmas opiniões, mas vamos ter de superar as nossas diferenças, voltar a unir-nos e deixar o passado para trás – aprender com ele, sim, e ter esperança no futuro. Sinto muita energia positiva no Clube e este movimento veio para ficar. Somos todos uma grande família que, unida, irá alcançar muito. Tenho muita fé em todos nós e estamos só no princípio.”